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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

De você (Pitty) X Minha Alma (O Rappa)

O post dessa semana, surgiu de uma idéia antiga, que estava guardada no nosso baú musical. Eu abri o baú, e comecei a ver o que tinha na minha prateleira de idéias, que me agradasse pra essa semana. Daí tão previsível quanto areia no deserto, me veio o rock. Meus escolhidos dessa semana falam por mim sobre como vivemos presos em nossos mundos devido à forma como a sociedade trata as pessoas: para os criminosos ficarem soltos, os inocentes se enclausuram em suas tocas em busca de um pouco de paz. É o velho ditado, aquele que os ratos só fazem a festa quando os gatos estão presos. Não tive dúvidas quanto a minha escolha, e estou gestando um duelo de rock, entre a galera de O Rappa e ela, novamente ela, minha queridíssima Pitty. Uso e abuso de “Minha alma” pra falar “De você”.

Quando tive o estalo de unir essas duas músicas num post, tive essa intenção por ver que tinham algo de parecidas, porém só hoje ao ouvi-las e ler suas letras com calma, percebi a afinidade entre ambas, com idéias que se completam tanto quanto feijão com arroz, Eduardo e eu.

Começo por ela, porque suas letras de protótipo perfeito me fascinam e inquietam. E essa música, para os que não sabem, tem na autoria, nada mais, nada menos que: Pitty, Duda, Joe e Martin – Ela e sua incrível banda. Ela fala das grades do portão, que supostamente deveriam nos trazer segurança, mas que não nos protegem de nós mesmos. Quando o rancor não nos permite o perdão, quando o poder nos sobe a cabeça, nos tornamos prisioneiros daquilo que é material, e que um dia vai apodrecer e nos levar junto ralo abaixo.

Peço licença ao Eduardo pra citar Frejat, em uma música que ele fez baseada em um texto de Victor Hugo, que diz “Desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também. E que você diga à ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem.” Enquanto não mostrarmos pras nossas posses que nós somos os donos delas, e deixarmos que elas governem nossa vida e nos permitam ver apenas entre as grades, estaremos na dúvida sobre quem é que está na prisão. E é isso que os meninos do Rappa esbravejam ao falar que suas almas estão armadas. E às vezes atiram em si próprias, quando não percebem que nenhum muro vai te guardar de você. Paz sem voz, não é paz, é medo. E o medo escorre entre os meus dedos.

Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz? Se essa paz vem do vidro fechado e da grade do portão, suposta segurança, mas que não dão proteção, ela é muda. O silêncio não traz felicidade, traz solidão. E não é esse tipo de paz que nós queremos dentro dos nossos corações.

Nessa sociedade em putrefação em que tentamos sobreviver, nessas épocas onde os sorrisos estão enferrujados, e os corações foram substituídos por chips piratas desbloqueados, que aceitam qualquer operadora em planos de minutos gratuitos, temos que ficar enclausurados em condomínios com grades pra trazer proteção, e percebemos que talvez nós é que estejamos nessa prisão que se chama “viver”, no mundo da geração Aids, drogas e falta de amor. Só que viver com medo de dar o próximo passo e levar uma bala perdida, nos faz refém do egoísmo e não há como tentar extrair o altruísmo dos corações de gelo, com colete a prova de balas e demonstrações de afeto. Vivemos imersos em nossa solidão povoada, sem ninguém que compreenda nosso pequeno e insignificante mundo, tendo como conseqüência horas e horas de bate papo com o espelho, sem obter resposta.

Se as pessoas não conseguem entender a si próprias, não se permitem perdoar e enxergar algo bom dentro de si mesmas, como podemos esperar que tenham uma preocupação com algo fora do seu Eu? É fácil dar defeito em protótipos imperfeitos, é fácil se arrepender ao perceber que a vida podia ser algo diferente. Seria diferente se não colocássemos muros com a tentativa de proteção de nós mesmos, se não precisássemos de novas drogas de aluguel.

De certa forma, o medo embutido na paz abafada ainda é um bom sinal, pois só tememos por nós mesmos ou por aqueles que amamos. Então, me abrace e me dê um beijo, faça um filho comigo! Mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo. Nesse mundo de caos e solidão, embarque em loucuras comigo e me traga amor, mas me livre do tédio dos conformados. E quando você aprende a amar, você abre os braços e se sente livre. E é com a mão aberta que se tem cada vez mais. A usura que te move só vai te puxar pra trás. E certas vezes, é difícil resistir. É pela paz que eu não quero seguir admitindo...

By Mônica

Links das Letras:

http://letras.terra.com.br/pitty/250226/

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Brasil Corrupção (Ana Carolina) X Zé Ninguém (Biquini Cavadão)

O post dessa semana foi uma idéia que nasceu como fruto da minha indignação pela escória que tem algo ostentador chamado poder, algo corrompido chamado caráter e algo sagrado, porém, que foi molestado: a confiança de toda uma nação. Nesse modismo que o governo brasileiro se encontra, de inovar nas formas de corrupção, recorri à Ana Carolina em uma de suas parcerias com Tom Zé e ao grupo da minha Bèlle Époque, Biquíni Cavadão. Sendo assim, trago “Brasil Corrupção” e “Zé Ninguém” para esbravejar na arena dos donos do poder.

A galera do Biquíni traz a tona uma série de perguntas que nos faz refletir sobre o rumo que as coisas estão tomando. Vejam, essa letra foi escrita em torno de 20 anos atrás, e as coisas já estavam nesse patamar de gravidade. Ana, em contrapartida, traz uma realidade mais atual, e conseqüentemente, fétida e indigesta. Onde sequer existe a camuflagem da violação dos deveres políticos para com a sociedade. Camuflar pra que, se todo mundo rouba aqui desde o primeiro português que aqui pisou, de pé sujo e sem pedir licença pra entrar na casa alheia e tirar tudo do lugar?

Quem foi que disse que Deus é brasileiro, que existe ordem e progresso, enquanto a zona corre solta no congresso? Nesse país de manda-chuvas, tem sempre alguém se dando bem, de São Paulo a Belém. Seja o político que rouba dinheiro público com falso pretexto de caridade natalina (como se a população precisasse de Panettones, ao invés de comida, empregos, saúde, infra-estrutura de moradia – coisas supérfluas quando comparadas a um bolo de frutas do feriado sagrado vendido ao capitalismo), seja o financiador da pirataria, o furador de filas, o cambista vendendo ingressos pro show...Ou mesmo, o individuo que avança o sinal e anda sem cinto de segurança após tomar uma ou duas geladas enquanto critica os governantes que burlam as regras.

Quem foi que disse que a justiça tarda, mas não falha? Quem foi que disse que os homens nascem iguais? Eu não sou ministro, eu não sou magnata. Aqui embaixo, as leis são diferentes. A justiça não falha (nem tarda) para os ladrões de galinhas, mas não precisa funcionar para os estelionatários. Os homens nascem iguais para pagar impostos, e diferentes para receber benefícios. Aqui a lei é assim: quanto mais se tem, mais se ganha. Quanto menos se tem...Quem se importa com o que você precisa? Dois pesos, duas medidas. É assim que se equilibra a justa balança do mundo...

Os dias passam lentos, aos meses seguem os aumentos. Dos preços, da inflação. Da violência. Do desemprego. Dos golpes e falcatruas. Dos mortos na porta dos hospitais sem atendimento. Dos casos de gripe suína e de dengue. Dos desabrigados pelas enchentes. De balas perdidas (ou achadas). De impeachements. Pra responder essa sujeira, cada dia eu levo um tiro que sai pela culatra. Se tudo aqui acaba em samba, no país da corda bamba, querem me derrubar! Nessa Terra de Marlboro, derrubam-se os Zés que querem ser “Alguém” na mesma proporção que se sobe a inflação. A verdade, é que em terra de cego, quem tem um olho é rei, mas em terra de ladrão, quem é honesto, vai preso. É otário. E ainda por cima, visto como ladrão do mesmo jeito. Não importa, prefiro seguir acreditando que é melhor ser honesto e justo.

Vivendo nesse puto saco de mau cheiro, onde as senhoras de pouca renda vão rezando pela (in)justiça da Bahia ao Espírito Santo, não há santo que resista. Quem dirá, espírito. Quem foi que disse que a vida começa aos quarenta? A minha acabou faz tempo, agora entendo por que...eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém. E não tenho nada na cabeça, a não ser o céu. E os meus sonhos que alimentam a esperança de um futuro diferente do passado, por vezes sai pela culatra como os tiros de outrora.

Os dias sempre passam lentos para aqueles que desejam fazer as coisas de uma forma diferente.Quando se fala de corrupção, muitos preferem omitir suas opiniões a fixar idéias que poderiam ser contraditas caso estes pudessem ter a oportunidade de saborear o poder.

Quem foi que disse que os homens não podem chorar?Cada homem é sozinho a casa da humanidade. Se cada um de nós formar dentro de si um templo onde amar não é sofrer e onde as leis são iguais, sendo magnata ou Zé Ninguém, iremos perceber que os milhões de Zé “Alguéns” espalhados por aí, podem fazer a diferença. Finalizo parafraseando Ana, quando ela diz: Minha esperança é IMORTAL! Ouviram? Imortal. Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final...

By Mônica

Links das Letras:

http://letras.terra.com.br/ana-carolina/300818/

http://letras.terra.com.br/biquini-cavadao/44611/

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cazuza: Solidão? Que nada, Só se for a Dois

Sabe aquela história de velhos fantasmas que voltam para nos assombrar? Eu não acreditava nisso, mas ele bateu à minha porta, e tive que deixá-lo entrar. Não podemos deixar de encarar os fantasmas que nos perseguem e aproveitar a chance de mostrar que não nos assustam mais. E foi assim, com idéias do Eduardo, que agora discurso sobre ela. A temida pela maioria, a escolhida pelos egocêntricos: Solidão.

Ironicamente, a pessoa que vai me ajudar a falar sobre o tema, não era nada sozinha. Acho que Renato Russo poderia definir melhor do que ele o que é solidão, pois era nesse abismo profundo que se encontrava a maior parte do tempo, o que é notável em suas letras. Mas enfim. Vamos ao que interessa, Caju? Solidão?Que nada, só se for a dois...

“Solidão que nada”, trata de encontros casuais. Não me digam o contrário, é disso que se trata. Cada aeroporto é um nome num papel. Um novo rosto...Um estranho que me quer. Por mar, por terra ou via Embratel. Mas não há promessas, não, é só um novo lugar. Ao falar das curvas da estrada, de relações com partida e chegada coincidindo na estaca zero, e um véu que encobre seu verdadeiro eu, ele retrata que só fica sozinho quem quer, pois em cada lugar podemos encontrar o conforto (momentâneo) pra nossa solidão.

Será esse preenchimento do vazio o determinador do fim da nossa solidão? Talvez pra geração “Já sei namorar” e suas vidas vazias, sim. Geração essa que cultiva uma solidão ocupada. A pior de todas. Onde você se encontra entre um milhão de pessoas (geralmente uma micareta, aff) e se sente tão sozinho quanto um monge ermitão isolado em uma cabana no alto de uma montanha inabitada no Tibet. Nesse caso, gritar não adianta, ninguém irá ouvir. Eu uso o velho e bom ditado do “antes só do que mal acompanhado”. Pior coisa que existe é alguém lhe roubar a solidão, sem em troca lhe oferecer verdadeiramente companhia, já dizia Nieschtze.

O compromisso virou algo clichê, algo banal. Dispensável. Algo que nos prende a uma rotina nada entusiasmante. É aquilo que não nos permite contar vantagem dos nossos escores de uma noite arrasadora. É o que frustra nossos desejos de fazer sempre o que quisermos, com quem quisermos e onde quisermos. Como se as realizações pessoais dos nossos desejos pequenos e fúteis fosse mais importante que a incrível aventura de compartilhar seu mundo com alguém. E conhecer um universo que você nem sabia que existia e sempre fez parte de você.

E isso abrange a todas as relações que podemos ter. Não é necessariamente restrito aos relacionamentos amorosos, como pode pensar a maioria.

“Só se for a dois” mostra os absurdos que nos cercam e enxergamos com olhos de naturalidade. A ironia já começa quando se fala dos brancos da África do Sul e se completa ao mostrar os filhos de Ghandi morrendo de fome. Mas o que mais mexeu comigo foi os filhos de Cristo estarem cada vez mais ricos. Que religião é essa que as pessoas pregam e dizem praticar, que os torna mais egoístas, individualistas e mecânicas? Creio não ser a que Cristo pregava ao falar de altruísmo, caridade e amor. Valores esquecidos com o advento da famosa distanciadora – A internet. Eu sou legal, até te adiciono no orkut. Mas não preciso te ver, não quero saber dos seus problemas. Mas me deixe ver seus álbuns e suas comunidades pra rir um pouco. A ironia persiste quando ele diz que o mundo é azul. Mas ele era visionário, talvez. O orkut é o mundo azul da internet. Mas de azul, o mundo não tem nada. Ele está mais pra cinza tendendo ao enferrujado.

Qual é a cor do amor? Vermelho, eu diria. Intenso e eterno. Mas isso é opinião minha - reles sonhadora com uma casa de veraneio no país das maravilhas. Se as possibilidades de felicidade são egoístas, o mundo não é azul, e tampouco o amor é vermelho. Talvez tenha sido um dia...Onde não se escondia a cor das flores pra se mostrar a dor. Mas o soldado beija sua namorada, não importa pra que batalha vá. No fim das contas, só quem luta, valoriza e vê o amor como uma benção, e não como uma banalidade ridícula e ultrapassada, que não se usa mais nos dias de hoje, porque mostra o nosso lado frágil, fácil alvo de ataques.

Afinal, amar ao próximo é tão démodé...mas eu estou cheia de me sentir vazia. E digam o que disserem, o mal do século é a solidão. Diferente da fome, da sede e da doença, que fazemos de tudo para combater, a solidão pode ser semeada, como forma de renúncia ou conformismo. Ou inadequação a aceitar um universo diferente do seu. Mas é esse encontro de vidas que nos move. Nossa vida na terra está presa a outras pessoas. O que não podemos, é nos deixar afogar num mar de rostos sem conseguir encontrar um olhar. Drummond diz que na vida, a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Eu peço licença poética a ele pra dizer que o exílio pode ser inevitável (e até produtivo). Mas a solidão, essa sim é opcional.

Agora parafraseando Ana Carolina, ficar sozinho é pra quem tem coragem. E eu vou ler meu livro “Cem anos de solidão”... De toda forma, não curto esse lance de ficar só. Só se for a dois. Mas me sinto só. Me sinto só. Me sinto tão seu...

By Mônica

Links das Letras:

http://letras.terra.com.br/cazuza/85126/

http://letras.terra.com.br/cazuza/45009/