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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cazuza: Solidão? Que nada, Só se for a Dois

Sabe aquela história de velhos fantasmas que voltam para nos assombrar? Eu não acreditava nisso, mas ele bateu à minha porta, e tive que deixá-lo entrar. Não podemos deixar de encarar os fantasmas que nos perseguem e aproveitar a chance de mostrar que não nos assustam mais. E foi assim,que agora discurso sobre ela. A temida pela maioria, a escolhida pelos ímpares: Solidão.

Ironicamente, a pessoa que vai me ajudar a falar sobre o tema, não era nada sozinha. Acho que Renato Russo poderia definir melhor do que ele o que é solidão, pois era nesse abismo profundo que se encontrava a maior parte do tempo, o que é notável em suas letras. Mas enfim. Vamos ao que interessa, Caju? Solidão?Que nada, só se for a dois...

“Solidão que nada”, trata de encontros casuais. Não me digam o contrário, é disso que se trata. Cada aeroporto é um nome num papel. Um novo rosto...Um estranho que me quer. Por mar, por terra ou via Embratel. Mas não há promessas, não, é só um novo lugar. Ao falar das curvas da estrada, de relações com partida e chegada coincidindo na estaca zero, e um véu que encobre seu verdadeiro eu, ele retrata que só fica sozinho quem quer, pois em cada lugar podemos encontrar o "conforto" (momentâneo) pra nossa solidão.

Será esse preenchimento do vazio o determinador do fim da nossa solidão? Talvez pra geração “Já sei namorar” e suas vidas vazias, sim. Geração essa que cultiva uma solidão ocupada. A pior de todas. Onde você se encontra entre um milhão de pessoas e se sente tão sozinho quanto um monge ermitão isolado em uma cabana no alto de uma montanha inabitada no Tibet. Nesse caso, gritar não adianta, ninguém irá ouvir. Eu uso o velho e bom ditado do “antes só do que mal acompanhado”. Pior coisa que existe é alguém lhe roubar a solidão, sem em troca lhe oferecer verdadeiramente companhia, já dizia Nieschtze.

O compromisso virou algo clichê, algo banal. Dispensável. Algo que nos prende a uma rotina nada entusiasmante. É aquilo que não nos permite contar vantagem dos nossos escores de uma noite arrasadora. É o que frustra nossos desejos de fazer sempre o que quisermos, com quem quisermos e onde quisermos. Como se as realizações pessoais dos nossos desejos pequenos e fúteis fosse mais importante que a incrível aventura de compartilhar seu mundo com alguém. E conhecer um universo que você nem sabia que existia e sempre fez parte de você.

E isso abrange a todas as relações que podemos ter. Não é necessariamente restrito aos relacionamentos amorosos, como pode pensar a maioria.

“Só se for a dois” mostra os absurdos que nos cercam e enxergamos com olhos de naturalidade. A ironia já começa quando se fala dos brancos da África do Sul e se completa ao mostrar os filhos de Ghandi morrendo de fome. Mas o que mais mexeu comigo foi os filhos de Cristo estarem cada vez mais ricos. Que religião é essa que as pessoas pregam e dizem praticar, que os torna mais egoístas, individualistas e mecânicas? Creio não ser a que Cristo pregava ao falar de altruísmo, caridade e amor. Valores esquecidos com o advento da famosa distanciadora – A internet. Eu sou legal, até te adiciono no orkut. Mas não preciso te ver, não quero saber dos seus problemas. Mas me deixe ver seus álbuns e suas comunidades pra rir um pouco. A ironia persiste quando ele diz que o mundo é azul. Mas ele era visionário, talvez. O orkut é o mundo azul da internet. Mas de azul, o mundo não tem nada. Ele está mais pra cinza tendendo ao enferrujado.

Qual é a cor do amor? Vermelho, eu diria. Intenso e eterno. Mas isso é opinião minha - reles sonhadora com uma casa de veraneio no país das maravilhas. Se as possibilidades de felicidade são egoístas, o mundo não é azul, e tampouco o amor é vermelho. Talvez tenha sido um dia...Onde não se escondia a cor das flores pra se mostrar a dor. Mas o soldado beija sua namorada, não importa pra que batalha vá. No fim das contas, só quem luta, valoriza e vê o amor como uma benção, e não como uma banalidade ridícula e ultrapassada, que não se usa mais nos dias de hoje, porque mostra o nosso lado frágil, fácil alvo de ataques, expõe toda a nossa vulnerabilidade.

Afinal, amar ao próximo é tão démodé...mas eu estou cheia de me sentir vazia. E digam o que disserem, o mal do século é a solidão. Diferente da fome, da sede e da doença, que fazemos de tudo para combater, a solidão pode ser semeada, como forma de renúncia ou conformismo. Ou inadequação a aceitar um universo diferente do seu. Mas é esse encontro de vidas que nos move. Nossa vida na terra está presa a outras pessoas. O que não podemos, é nos deixar afogar num mar de rostos sem conseguir encontrar um olhar. Drummond diz que na vida, a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Eu peço licença poética a ele pra dizer que o exílio pode ser inevitável (e até produtivo). Mas a solidão, essa sim é opcional.

Agora parafraseando Ana Carolina, ficar sozinho é pra quem tem coragem. E eu vou ler meu livro “Cem anos de solidão”... De toda forma, não curto esse lance de ficar só. Só se for a dois. Mas me sinto só. Me sinto só. Me sinto tão seu...

By Nine

Links das Letras:

http://letras.terra.com.br/cazuza/85126/

http://letras.terra.com.br/cazuza/45009/

4 comentários:

Anônimo disse...
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Tainá Crisóstomo disse...
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Unknown disse...

Essa mUdernidade onde todo mundo é de todo mundo e ninguém é de ninguém ñ me parece tão divertida assim... No fundo, todos eles só querem fechar seus corações ou diminuir os buracos q existam neles com uma idéia falsa de felicidade. O problema maior é q mentir pra si mesmo é SEMPRE a pior mentira! =))

Pridelicious disse...

Belas palavras!!
Gostei muito.