Lápis de cor, brincadeiras, fim de tarde, ciranda, pó de pir-lim-pim-pim, tintas coloridas, a casa, a montanha, duas nuvens no céu, o sol a sorrir no papel... Agora, sinto cheiro de saudade. Saudade das minhas coisinhas que outrora valorizadas, agora estão esquecidas dentro de alguma gaveta velha; meus diários, minhas cartinhas, meus cadernos. Caderno que me acompanhou do meu primeiro rabisco e ainda me acompanha depois que surgiram meus primeiros raios de mulher.
Um caderno. Companheiro fiel que está presente nos momentos mais lindos de sua vida e também nos tristes. Um caderno, que sofre junto nas provas bimestrais, ajuda a resolver problemas e é sempre o confidente fiel. Um caderno, discreto escudeiro de fugas e desabafos. Um simples caderno, que se mantém firme se o pranto vir a molhar seu papel, ou quando a vida se abrir em um veloz carrosel e o papel forem rasgados. Assim como um amigo.
Olhar pra trás e lembrar-se do passado é como se, de repente, batesse uma ventania forte no seu rosto, fazendo você fechar os olhos e reviver as brincadeiras, os sorrisos, a molecagem e as amizades leves e inocentes da infância. E depois se lembrar dos amigos que você talvez tenha feito no colegial, mesmo com as confusões adolescentes e as intrigas de meninas malvadas típicas de colegial. E pra quem cresceu na rua e em bairro pequeno, vai lembrar-se dos amigos-vizinhos que brincaram de esconde-esconde e elástico, quando pivetes, e ainda hoje continuam a serem seus amigos. Também existem aqueles amigos que moram longe, de uma distância que faz doer no peito, mas nos promovem sorrisos quando, por exemplo, vemos algo por perto que nos lembre o tal amigo. Tem aquela galera que possui o mesmo sangue que você e que te acompanha desde seu nascimento. Companheiros de farras, de festas e de bares. Suas amigas mais grudadas que estão sempre com você, em qualquer lugar, a qualquer hora, pra farrear, fofocar e dar risada. Os amigos coloridos. Aquela galera do mal que nunca te acrescenta nada de bom, mas a companhia deles é sem igual. Amigos de curso, de trabalho, suas alegrias diárias. Aqueles que já se foram. Aqueles que são seus amigos e você nem percebe. Nossos amiguinhos animais. Os camaradas que não têm tanto contato ou intimidade, mas são bons amigos. Pra quem nem tem tanto amigo assim, mas os poucos que têm já preenchem de alegria o coração.
E pra você, meu amigo-caderno, só peço um favor, se puder: não me esqueça num canto qualquer.
(À minha querida amiga-mãe-caderno, Nine.)
Link da Letra:
http://letras.terra.com.br/toquinho/87320/
Tão brilhante
Assim, como uma estrela
Intensa, menina flor, inteira
Nada apagará. O brilho da nossa amizade.
Amiga, Tainá.
4 comentários:
Lindo texto, sensível como você. Leve como as boas lembranças que nos fazem viajar no tempo, para revivê-las. Foi assim que me senti, ao te ler, minha pequena: embarcando em um túnel do tempo, para aquela época incorrompível da vida, onde nenhum mal pode nos atingir. C´est parfait! Te amo!Parabéns!
Deixei para comentar sobre a semelhança do seu texto com o texto do meu primo neste comentário. Realmente vocês dois escreveram de forma parecida sua visão sobre música e amizade.
Mas devo salientar, que você primou pela sutileza e pelo lirismo (qualidades que a Monica também tem. Joincidência?).
Meu parabéns pelo fantástico texto. E obrigado por abrilhantar este blog com sua presença. Que mais ocasiões especiais como esta apareçam, para que possamos ver você e seus texto aqui neste espaço.
Mais uma vez, parabéns!
Nossa... vocês nem sabem como meu coração fica feliz em ler essas palavras. Não só por terem gostado do texto, mas por perceber uma sinceridade linda nisso tudo. É bom ver que semelhanças entre mãe e filha nunca mudam, idependente de qualquer coisa... rs. Gostei da oportunidade de poder enfeitar, mesmo que pouco, este espaço tão maravilhoso.
Adoro este blog e adoro vocês!
Beijos no coração, Nine e Bruno.
Vocês são nota 10!
Que gracinha a afilhadinha *-*
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