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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Todos estão mudos (Pitty) X Todos estão surdos (Roberto Carlos)

Meu post dessa semana, era a idéia que eu tinha pro meu post da semana do Natal, que não chegou a ser feito, como eu disse no meu último post. Quando surgiu a idéia de unir essas duas músicas, pensei em falar do silêncio de um mundo que urge em gritar por socorro, sem forças sequer pra sussurrar por piedade. Então, passou a semana, e as idéias ficaram adormecidas, até que foram acordadas no susto essa semana, com mil pensamentos. Para vomitar essas palavras surdas desprovidas de som, meio mortas, meio cinzas, me utilizo de Pitty e Roberto Carlos em “Todos estão mudos” X “Todos estão surdos”.

Prezando o cavalheirismo já extinto, começo com a Baiana, rainha do rock. Ela fala dos gritos suprimidos da nossa sociedade alienada que perdeu a coragem em botar a cara pra bater em algum espaço de tempo tão fullgás, que não nos demos conta desse conformismo que nos dominou e roubou nossa voz. E não só a voz. Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?

Com certeza não foi o peso do silêncio, que mudo, consegue eviscerar nossos pensamentos e paralisar a parte pensante e questionadora que existe em nós. Aquela mesma parte que é capaz de fazer algo pra transformar tudo. Essa parte nos foi ceifada em vida, dilacerando nosso caráter, fazendo sangrar a nossa fé. Nos esmagando por inteiro. Nos fazendo esperar eternamente pela salvação que nunca virá nos acometer em nosso sofá conectado 24 horas aos plim-plims excitantes que nos levam à loucura entre um vilão indo preso em horário nobre, um show de intrigas e traseiros ao sol, e um gol antes da novela da vida real.

Já o rei da geração brilhantina glostora, fala de algo que todos almejamos desde sempre, mas que a humanidade jamais conheceu: paz. Poderosa palavra de três letras, com um significado jamais alcançado por nós, mas que está dentro dos sonhos de todos que tem um pouco de sensatez. Ele diz que todos temos paz dentro de nós, apenas desconhecemos isso. E que poderemos perceber ao fechar os olhos e vermos o que diz nosso coração. Isso me lembra algo que li num livro, dizendo que a paz não é aquilo que vem depois da tempestade. É você estar no meio da tempestade mais turbulenta, e isso não afetar você. E permitir que a paz te persiga por mais que tudo pareça caos e dor, porque na verdade, é assim que tudo é em 99% das vezes, e assim continuará sendo.

Mesmo que a violência acabe, mesmo que a desigualdade se desmanche. Sempre haverá algo que trará o caos, até porque em teoria, o caos é a constante movida pela inconstância que nos rodeia. Voltando à letra, ele diz que o amor é importante e blá, blá, blá. Que não importa os motivos da guerra, a paz é mais importante e mais blá, blá, blá. Estamos cansados de saber disso tudo, mas preferimos ficar perdidos no labirinto dos pensamentos poluídos pela falta de amor. Sabemos que a covardia é surda e só ouve o que convém. E ela não ouve os clamores e as frases de outrora, que trazem os gritos suprimidos dos nossos ideais perdidos em eleições populares.

Como resultado, temos tanta gente sem fé num novo lar (logo, sendo novo ou antigo - penso eu - é indiferente. O problema não está onde se mora, e sim quem mora, o que pensa, no que crê e se alimenta esperanças renovadas quando tudo parece estar se renovando em sua vida – os que deixaram o fracasso lhes subir à cabeça). Mas existe o bom combate, de não desistir sem tentar. É desse que precisamos. É por esse que urgimos. É esse que deve nos perseguir. Com um grito que acorde a humanidade inteira, fazendo os mais surdos escutarem e os mais mudos bradarem. Acho que na verdade, todos não estão surdos, tampouco mudos. Esse título, de certa forma, acaba sendo um desrespeito imperdoável a todos os deficientes que estão muito mais antenados ao som do mundo e as vozes de compaixão.

Se eu pudesse unir as duas letras, em um título, diria que todos estão alienados. De uma forma tão severa e miserável, que parece que uma areia movediça nos faz afundar cada vez mais. E nem com o perigo iminente, temos a nossa covardia partida e voz pra nos fazermos ouvir. Não espere, levante. Sempre vale a pena bradar. É hora, alguém tem que falar. Que sejamos nós, pessoas que se recusam a ter os neurônios em estado de coma induzido. Não forcemos o grito abafado dos que não tem voz. Vamos unir nossas vozes em uma só, porque só assim, não haverá quem não consiga bradar. Martha Medeiros, em um de seus textos, diz mais ou menos assim: O mundo é um imenso playground que cultua deuses errados. Mas se prestarmos atenção nos detalhes, teremos uma visão mais abrangente e alcançaremos a paz.

Que possamos ouvir os gritos abafados. Que possamos falar o que está preso em nós. Porque senão, a tendência acaba sendo que, além de alienados em nosso pequeno universo, nos tornemos cegos ao que está a nossa frente.

By Mônica

Links das Letras:

http://letras.terra.com.br/pitty/1519631/

http://letras.terra.com.br/roberto-carlos/194989/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tempo Perdido (Legião Urbana) X Tempos Modernos (Lulu Santos)

O post dessa semana foi como um repente, após uma gestação prolongada. E pari-lo, foi infinitamente difícil para mim. Após três semanas sem escrever aqui, pela correria das festas de final de ano, fiquei frustrada. Afinal, passei um bom tempo planejando os 2 últimos posts do ano – o da semana do natal e do reveillón – e eles não chegaram a nascer. Não dei adeus ao ano que findou como eu queria – e deveria, diga-se de passagem. Então, como já não tinha mesmo realizado os posts para fechar o ano com letras de ouro, falando de todo o sentimentalismo do espírito natalino e da renovação das esperanças com a chegada de um ano novo ainda bebê, estou eu aqui, na primeira semana do ano.

No primeiro post desse ano redondo, que traz com ele, um turbilhão de sonhos recém saídos do forno, vou pra minha idéia...De primeiro post do ano. E de onde surgiu essa idéia? Bem...confesso não ter sido muito criativa, visto que todo mundo que reflete sobre essa época, escrevendo, cantando ou guardando para si suas impressões ou expectativas, tem em mente um novo começo de era. Tempos novos chegando, sejam eles modernos, ou que se percam no final. Me usarei de Legião Urbana e Lulu Santos, para abrir o ano com Tempo Perdido X Tempos Modernos.

Engraçado, que tinha combinado com Eduardo, que nossos últimos post de encerramento do ano se dividiriam da seguinte forma: ele faria um post retrospectivo do ano que se passou - e eu, um prospectivo - do ano que está chegando. Quase sem querer, foi isso que aconteceu, pois ele cumpriu o prazo e está com o texto escrito há uma semana esperando ansiosamente para ser lido. E eu, acabei de tirar meus neurônios da paralisia das boas festas.

Nada melhor pra abrir o ano...Eu adoro legião urbana, mas isso todos devem saber, a essa altura do campeonato. Pelo menos os nossos leitores assíduos ou ocasionais. O jeito revolucionário de Renato fica estampado nessa letra, onde ele diz que acorda todos os dias com a sensação de não ter mais o tempo que passou, como se as lembranças fossem inexistentes. Mas diz que ainda tem muito tempo, tem todo o tempo do mundo, por ser jovem. Em outro momento, ele diz que não tem tempo a perder. E ele fala isso ao falar do suor sagrado de todos aqueles que se matam de trabalhar enquanto vêem suas próprias vidas passando pela janela e dando tchau. Mas reforça que isso ainda é mais bonito que o sangue selvagem dos burladores da lei.

É uma visão em preto-e-branco de alguém que esquece o que acontece nos seus dias que se seguem arrastados, devido a ter a sensação de estar perdendo tempo – e vida – trabalhando (honestamente a vida inteira, e agora não tendo mais direito a nada), não vendo a cor dos dias que se seguem, e perdendo a esperança da sua juventude, que está ficando marcada em máquinas, não em sorrisos e lembranças guardadas com afeto. Como resultado, percebe-se medos não assumidos e a carência de presenças reais para coisas simples, como um abraço, uma luz acesa, uma promessa verdadeiramente cumprida. Tempo ganhado, manhãs brilhantes, a juventude de volta. E ter o seu próprio tempo. E o controle sobre o rumo da sua própria vida.

É nessa melancolia de esperanças partidas como o final de um ano exaustivo, que Renato carrega sua letra de melodia que começa com impecável e inesquecível solo de guitarra. Mais esperançoso, Lulu crê num futuro com dias melhores, não porque tudo está correndo limpo e claro como numa bossa nova que fala de alegria, mas porque, sua visão além do alcance, transcende os muros de hipocrisia que insistem em nos rodear, sufocar e tragar a nossa alma para o mundo de aparências que leva ao sucesso e à solidão.

Ele consegue enxergar uma vida mais repleta de prazeres e sensações, que outrora Renato desconhecia, por viver imerso em obrigações que o cegavam para o sentido e a beleza do resto. Ele fala de amor. Amor sincero, pra todos nós. Amor real, não só o platônico. Não só o virtual. Não só o inatingível de novelas de horário nobre e filmes estrelados por celebridades Hollywodianas que escondem suas vidas frustrantes em longas-metragens com trilhas de chorar de emoção. A emoção da platéia, gente simples, mas feliz. Não aquela mesma encenada para receber o Oscar.

É essa platéia que vai fazer um novo começo de era, pois é gente fina, elegante e sincera. Não estou dizendo que o povão está repleto de gente honesta, não sou a hipócrita do começo da letra. Até porque ser gente fina ou gente grosseira, independe de classe social, raça e religião. Mas bem verdade, é que todo mundo deveria ser gente fina. Como diz minha queridíssima colunista do Globo, Martha Medeiros, “Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina não julga ninguém – tem opinião, apenas. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença.”

E toda essa volta, pra dizer que eu vejo (e quero) um novo começo de era, porque cansei de ter tempo perdido. Quero ganhar mais. Não só na megasena da virada. Não só dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender. Quero ganhar sorrisos, abraços, tempo para estar ao lado de quem eu amo. Não só um bom emprego que me mantenha estável e me garanta uma boa aposentadoria, mas fé para não desistir, acreditando que o mundo pode ser melhor e que eu não vou deixar de fazer a minha parte, mesmo que remando contra a maré.

Como será o amanhã? Eu sou péssima de previsões, e aprendi a me libertar delas, vivendo esse segundo que me permite respirar e torcendo para que o novo seja melhor ainda. Sem esperar, mas recebendo de bom tom. O ano acabou de nascer, não tenho mais o tempo que passou, mas temos muito tempo. Temos todo o tempo do mundo? Acredito que sim, pois somos jovens, e apesar do sinal estar fechado pra nós, temos nosso próprio tempo. Mas hoje, o tempo voa, amor. Escorre pelas mãos. Mesmo sem se sentir. E não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo o que há pra viver. Vamos nos permitir. E só por hoje, eu vou me permitir ser feliz. É esse meu lema para esse novo começo de era, porque o tempo não vai mais escorrer pelos meus dedos. Sou eu quem vou dançar sob suas horas, a trilha sonora da minha vida. Vem comigo, Eduardo? Feliz vida a todos nós.

By Mônica

Links das Letras:

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22489/

http://letras.terra.com.br/lulu-santos/47144/