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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Admirável chip novo (Pitty) X Geração Coca-cola (Legião Urbana)

O meu tema da semana, era uma idéia guardada mas que deu vontade de por pra fora no último segundo. Engraçado que Renato Russo, líder da Legião, tinha suas letras com críticas sociais e políticas estampadas por todo seu universo particular. E nesse universo, ele tinha as letras de geração coca-cola e outra composição sua, homônima do livro de Aldous Huxley, “Admirável mundo novo”, que mais tarde chegou como influência à Pitty pra compor a música aqui em pauta.

Admirável Chip novo (Pitty) e Geração Coca-cola (Legião Urbana), músicas altamente críticas da nossa sociedade robotizada, automática, vendida. Com slogans convidativos, compre você também! Afinal, somos “obrigados”(?) a nos enquadrar em um mundo nada admirável, que nos trata como um aparelho eletrodoméstico, facilmente programado a executar funções pré-estabelecidas. Experimente ser um liquidificador que aspira poeira pra ver se não te olham estranho. Pessoas não são feitas em fôrmas, portanto, não são iguais. Mas estão geneticamente modificadas, transgênicas, adverte o ministério do bom senso e da moral.

Já nascemos programados, e comendo lixo comercial, que aliás, não é orgânico. Temos parafuso e fluido em lugar de articulação, logo, não somos mais filhos da revolução. E não adianta ficar 20 anos na escola, parece difícil aprender. Por isso que quando achamos que já nos libertamos, dá pane no sistema. Fomos desconfigurados nesse jogo sujo, e não é assim que tem que ser. Agimos como burgueses sem religião, fazendo nosso dever de casa com olhos de robô. Não senhor, sim senhor (“ Sempre coca-cola”).

Eu sempre achei que era vivo, mas já que aqui não bate mais um coração, nos dêem um chip novo? Ou vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês! Vamos fazer comédia no cinema com as suas leis, e instigar nossas crianças a derrubar os reis. Não queremos mais idolatrar um chip novo, não vamos deixar que reinstalem o sistema. Agora chegou nossa vez, somos ou não o futuro da nação? Pense. Fale. Compre. Beba (nunca coca-cola!). Leia. Vote. Não se esqueça! Use. Seja. Ouça. Diga. Tenha. More. Gaste e Viva! Sem substituir seu coração por um chip programado.

By Nine

Links das letras:

http://letras.terra.com.br/pitty/67413/

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/45051/

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Como Nossos Pais (Elis Regina) X Teatro dos Vampiros (Legião Urbana)

Minha missão de hoje é fazer uma ponte entre “Como nossos pais” (de Belchior, muito bem interpretado por Elis Regina) e “Teatro dos vampiros” (de Renato Russo, logicamente interpretado pela Legião Urbana).

O primeiro ponto notado é a ligação entre duas gerações, que percebemos claramente em ambas as músicas. Vivemos como os nossos pais, com os mesmos gostos, costumes, manias. “Voltamos a viver como há 10 anos atrás”, palavras do poeta, que dão o mesmo sentido de reviver o passado, porque talvez seja melhor ficar lá, onde tudo era menos triste que agora. Saudosismo envolvendo canções que são tão parecidas, mas com perspectivas diferentes. Os jovens que aqui vivem, não viveram como lá.

Porque lá atrás, aprendíamos coisas nos discos, na história, passadas de geração a geração, gente jovem se reunia, pra compartilhar momentos, sonhos, lembranças e para simplesmente...serem jovens! Agora, o sinal está fechado pra nós, jovens, e todos os meus amigos (e eu) estamos procurando emprego. Faltam oportunidades de nos deixarem promover um futuro melhor ao nosso país. Há perigo na esquina, porque os assassinos estão todos livres, enquanto nós estamos presos a uma realidade onde quem tem ideais, e quer construir algo de bom, precisa se enclausurar pra fugir dos ladrões de sonhos que estão soltos em todas as partes querendo roubar nossa liberdade e nossa paz. Os jovens não se reúnem mais, clamam por um pouco de atenção, no tédio de suas solidões sem fim que os impedem de conhecer a pessoa que está diante do espelho.

Não é difícil amar o passado, procurar poeira pelos cantos, de tempos antigos onde a juventude conseguia expressar melhor o sentido de sua força. O grito não era abafado pela desesperança. Podia ter muito a mudar, mas a vontade de mudar o mundo pulsava forte dentro deles, nossos pais e os jovens como eles. E os impulsionava. Imaginavam que o novo poderia vir, que uma nova consciência e juventude, poderiam mudar o rumo das coisas.

Talvez a nova consciência esteja embutida em valores antigos. Nada contraditório, porque se tudo tem se deteriorado com o desgaste do tempo e das pessoas, temos de concordar que os valores antigos talvez fossem os melhores moldes pra uma sociedade mais justa. Antigos, porém não ultrapassados, eu digo. Valores de caráter, do que é importante. Coisas que estão se perdendo com a modernidade. E isso é questão de bom senso, e nem todos o tem, infelizmente.

Desanimados pelo caótico mundo presente, acabamos entregando nosso alvo, nossa artilharia, nossas armas, porque desistimos da luta que não leva a nada. Não somos mais poder de mudança?! Queremos só esquecer tudo isso e nos divertir. Entorpecer nossas perguntas sem resposta, esquecer disso tudo, ter um lugar legal pra ir, que nos faça sentirmos que somos jovens outra vez. E é só essa a riqueza que nós temos, e ninguém percebe. Queremos liberdade, e poder imaginar que o futuro será diferente e os nossos filhos não serão herdeiros de um trono vazio.

Mas precisamos urgentemente de paz. De abstração. Não é fácil carregar o fardo de ser responsável pelo futuro da nação. Cansa. Precisamos viver como os jovens de antigamente, permitir que as nossas vidas possam se encontrar e que elas possam encontrar algum sentido, e algo além de poeira pelos cantos e saudade de uma época em que os jovens não éramos nós. Não queremos mais que a primeira vez seja também a última chance. Oportunidades imploram existir.

Se for pra encarar o mundo sozinho, que existam sonhos no caminho, e que eles não nos assustem. Que não entreguemos a batalha. Que o mundo enxergue onde chegamos, e a herança que vamos deixar, seja melhor do que a que temos agora. Que não comparemos as nossas vidas, mas que possamos uni-las. E que tenhamos sim, compaixão. E paixão. E coragem. Pra que o palco das nossas vidas possa ser um teatro com personagens reais, independente dos aplausos, mas que represente fielmente a nossa história.

By Nine

Links das letras:

http://letras.terra.com.br/elis-regina/45670/

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/46983/

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Flores do mal (Legião Urbana X Barão Vermelho) X Flores (Titãs)

Eu, que sempre gostei de escrever sobre flores, inicio minha jornada musical falando sobre elas, por mero acaso. Em uma aula de francês, descobri “Les fleurs du mal”, de Charles Baudelaire, um poeta francês do século XIX, que foi violentamente atacado por compor essa obra gigantesca e complexa, que fala do amor à revolta, com detalhes que não cabem a mim descrever, compreender e interpretar. Me recolho à minha insignificância e me resumo a falar de música, e não de poesia simbolista. Porém foi preciso citar, visto que foi a partir daí que eu fui buscar “As flores do mal”, composta por Frejat em 1992, como uma tentativa de traduzir e simplificar Baudelaire. Alguns anos mais tarde, um poeta do mesmo escalão de Frejat, Renato Russo, fez uma música de mesmo nome, com uma idéia semelhante e controversa à versão do primeiro. E ainda tento interligar “Flores”, do Titãs, para completar o jardim.

Apesar de mais contemporânea, a versão de Renato, mostra mais verdadeiramente a face da traição, nua e crua. Amor sem sinceridade. Dor e mentira, envoltas em sementes secas, que devem ser jogadas no lixo. Será que é isso que ele quer dizer quando diz “Volta pro esgoto, baby”? O que não presta, não deve ter valor, nem ser guardado entre pétalas perfumadas. Deve ficar pra trás, em qualquer espaço sem reserva, onde sequer será notado.

Frejat, por outro lado, romantiza a dor de um amor infiel. A traição não é tão explícita quanto na visão de Renato, apesar de existir e criar uma pessoa vulnerável, que sabe que sofre, mas não mostra ao traidor como ele é pequeno e insignificante. Ele aceita essa felicidade de mentira, pra não ter que viver acompanhado da solidão. Ele se torna apático, e aceita ser esse fantoche.

Flores de plástico não morrem. Flores de plástico, vieram de sementes ricas, e viraram flores do mal, que petrificaram para se livrar da morte, e continuar existindo. Porque o que é de vidro, quebra, mas o que é de plástico, não pode morrer. Porém...que valor tem? Vale mais uma única flor originada de semente fértil, do que ter flores por todos os lados, ver flores em tudo, flores despedaçadas, em cima do telhado, embaixo do travesseiro, cansadas, pálidas, com cheiro de morte. E não de amor.

By Nine

Links das letras:

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/46929/

http://letras.terra.com.br/barao-vermelho/44420/

http://letras.terra.com.br/titas/48974/

Esse espaço nada é, além do cotidiano musical de uma garota que vive em voz alta. Exausta em ouvir canções com palavras repetidas, têm a urgente necessidade de expressar as palavras não ditas, que imploram gritar aos quatro cantos, pensamentos que precisam ficar marcados no universo. Sem nenhuma finalidade ou peso ideológico, mas com a vontade de se fazer ler, ouvir, questionar. Meu pequeno universo traduzido em notas, comparações, impressões pessoais, considerações sem nexo que se completam quase sem querer. Na música, eu me encontro. E ouço além da minha voz...