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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

De você (Pitty) X Minha Alma (O Rappa)

O post dessa semana, surgiu de uma idéia antiga, que estava guardada no nosso baú musical. Eu abri o baú, e comecei a ver o que tinha na minha prateleira de idéias, que me agradasse pra essa semana. Daí tão previsível quanto areia no deserto, me veio o rock. Meus escolhidos dessa semana falam por mim sobre como vivemos presos em nossos mundos devido à forma como a sociedade trata as pessoas: para os criminosos ficarem soltos, os inocentes se enclausuram em suas tocas em busca de um pouco de paz. É o velho ditado, aquele que os ratos só fazem a festa quando os gatos estão presos. Não tive dúvidas quanto a minha escolha, e estou gestando um duelo de rock, entre a galera de O Rappa e ela, novamente ela, minha queridíssima Pitty. Uso e abuso de “Minha alma” pra falar “De você”.

Quando tive o estalo de unir essas duas músicas num post, tive essa intenção por ver que tinham algo de parecidas, porém só hoje ao ouvi-las e ler suas letras com calma, percebi a afinidade entre ambas, com idéias que se completam tanto quanto feijão com arroz, Eduardo e eu.

Começo por ela, porque suas letras de protótipo perfeito me fascinam e inquietam. E essa música, para os que não sabem, tem na autoria, nada mais, nada menos que: Pitty, Duda, Joe e Martin – Ela e sua incrível banda. Ela fala das grades do portão, que supostamente deveriam nos trazer segurança, mas que não nos protegem de nós mesmos. Quando o rancor não nos permite o perdão, quando o poder nos sobe a cabeça, nos tornamos prisioneiros daquilo que é material, e que um dia vai apodrecer e nos levar junto ralo abaixo.

Peço licença ao Eduardo pra citar Frejat, em uma música que ele fez baseada em um texto de Victor Hugo, que diz “Desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também. E que você diga à ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem.” Enquanto não mostrarmos pras nossas posses que nós somos os donos delas, e deixarmos que elas governem nossa vida e nos permitam ver apenas entre as grades, estaremos na dúvida sobre quem é que está na prisão. E é isso que os meninos do Rappa esbravejam ao falar que suas almas estão armadas. E às vezes atiram em si próprias, quando não percebem que nenhum muro vai te guardar de você. Paz sem voz, não é paz, é medo. E o medo escorre entre os meus dedos.

Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz? Se essa paz vem do vidro fechado e da grade do portão, suposta segurança, mas que não dão proteção, ela é muda. O silêncio não traz felicidade, traz solidão. E não é esse tipo de paz que nós queremos dentro dos nossos corações.

Nessa sociedade em putrefação em que tentamos sobreviver, nessas épocas onde os sorrisos estão enferrujados, e os corações foram substituídos por chips piratas desbloqueados, que aceitam qualquer operadora em planos de minutos gratuitos, temos que ficar enclausurados em condomínios com grades pra trazer proteção, e percebemos que talvez nós é que estejamos nessa prisão que se chama “viver”, no mundo da geração Aids, drogas e falta de amor. Só que viver com medo de dar o próximo passo e levar uma bala perdida, nos faz refém do egoísmo e não há como tentar extrair o altruísmo dos corações de gelo, com colete a prova de balas e demonstrações de afeto. Vivemos imersos em nossa solidão povoada, sem ninguém que compreenda nosso pequeno e insignificante mundo, tendo como conseqüência horas e horas de bate papo com o espelho, sem obter resposta.

Se as pessoas não conseguem entender a si próprias, não se permitem perdoar e enxergar algo bom dentro de si mesmas, como podemos esperar que tenham uma preocupação com algo fora do seu Eu? É fácil dar defeito em protótipos imperfeitos, é fácil se arrepender ao perceber que a vida podia ser algo diferente. Seria diferente se não colocássemos muros com a tentativa de proteção de nós mesmos, se não precisássemos de novas drogas de aluguel.

De certa forma, o medo embutido na paz abafada ainda é um bom sinal, pois só tememos por nós mesmos ou por aqueles que amamos. Então, me abrace e me dê um beijo, faça um filho comigo! Mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo. Nesse mundo de caos e solidão, embarque em loucuras comigo e me traga amor, mas me livre do tédio dos conformados. E quando você aprende a amar, você abre os braços e se sente livre. E é com a mão aberta que se tem cada vez mais. A usura que te move só vai te puxar pra trás. E certas vezes, é difícil resistir. É pela paz que eu não quero seguir admitindo...

By Mônica

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Brasil Corrupção (Ana Carolina) X Zé Ninguém (Biquini Cavadão)

O post dessa semana foi uma idéia que nasceu como fruto da minha indignação pela escória que tem algo ostentador chamado poder, algo corrompido chamado caráter e algo sagrado, porém, que foi molestado: a confiança de toda uma nação. Nesse modismo que o governo brasileiro se encontra, de inovar nas formas de corrupção, recorri à Ana Carolina em uma de suas parcerias com Tom Zé e ao grupo da minha Bèlle Époque, Biquíni Cavadão. Sendo assim, trago “Brasil Corrupção” e “Zé Ninguém” para esbravejar na arena dos donos do poder.

A galera do Biquíni traz a tona uma série de perguntas que nos faz refletir sobre o rumo que as coisas estão tomando. Vejam, essa letra foi escrita em torno de 20 anos atrás, e as coisas já estavam nesse patamar de gravidade. Ana, em contrapartida, traz uma realidade mais atual, e conseqüentemente, fétida e indigesta. Onde sequer existe a camuflagem da violação dos deveres políticos para com a sociedade. Camuflar pra que, se todo mundo rouba aqui desde o primeiro português que aqui pisou, de pé sujo e sem pedir licença pra entrar na casa alheia e tirar tudo do lugar?

Quem foi que disse que Deus é brasileiro, que existe ordem e progresso, enquanto a zona corre solta no congresso? Nesse país de manda-chuvas, tem sempre alguém se dando bem, de São Paulo a Belém. Seja o político que rouba dinheiro público com falso pretexto de caridade natalina (como se a população precisasse de Panettones, ao invés de comida, empregos, saúde, infra-estrutura de moradia – coisas supérfluas quando comparadas a um bolo de frutas do feriado sagrado vendido ao capitalismo), seja o financiador da pirataria, o furador de filas, o cambista vendendo ingressos pro show...Ou mesmo, o individuo que avança o sinal e anda sem cinto de segurança após tomar uma ou duas geladas enquanto critica os governantes que burlam as regras.

Quem foi que disse que a justiça tarda, mas não falha? Quem foi que disse que os homens nascem iguais? Eu não sou ministro, eu não sou magnata. Aqui embaixo, as leis são diferentes. A justiça não falha (nem tarda) para os ladrões de galinhas, mas não precisa funcionar para os estelionatários. Os homens nascem iguais para pagar impostos, e diferentes para receber benefícios. Aqui a lei é assim: quanto mais se tem, mais se ganha. Quanto menos se tem...Quem se importa com o que você precisa? Dois pesos, duas medidas. É assim que se equilibra a justa balança do mundo...

Os dias passam lentos, aos meses seguem os aumentos. Dos preços, da inflação. Da violência. Do desemprego. Dos golpes e falcatruas. Dos mortos na porta dos hospitais sem atendimento. Dos casos de gripe suína e de dengue. Dos desabrigados pelas enchentes. De balas perdidas (ou achadas). De impeachements. Pra responder essa sujeira, cada dia eu levo um tiro que sai pela culatra. Se tudo aqui acaba em samba, no país da corda bamba, querem me derrubar! Nessa Terra de Marlboro, derrubam-se os Zés que querem ser “Alguém” na mesma proporção que se sobe a inflação. A verdade, é que em terra de cego, quem tem um olho é rei, mas em terra de ladrão, quem é honesto, vai preso. É otário. E ainda por cima, visto como ladrão do mesmo jeito. Não importa, prefiro seguir acreditando que é melhor ser honesto e justo.

Vivendo nesse puto saco de mau cheiro, onde as senhoras de pouca renda vão rezando pela (in)justiça da Bahia ao Espírito Santo, não há santo que resista. Quem dirá, espírito. Quem foi que disse que a vida começa aos quarenta? A minha acabou faz tempo, agora entendo por que...eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém. E não tenho nada na cabeça, a não ser o céu. E os meus sonhos que alimentam a esperança de um futuro diferente do passado, por vezes sai pela culatra como os tiros de outrora.

Os dias sempre passam lentos para aqueles que desejam fazer as coisas de uma forma diferente.Quando se fala de corrupção, muitos preferem omitir suas opiniões a fixar idéias que poderiam ser contraditas caso estes pudessem ter a oportunidade de saborear o poder.

Quem foi que disse que os homens não podem chorar?Cada homem é sozinho a casa da humanidade. Se cada um de nós formar dentro de si um templo onde amar não é sofrer e onde as leis são iguais, sendo magnata ou Zé Ninguém, iremos perceber que os milhões de Zé “Alguéns” espalhados por aí, podem fazer a diferença. Finalizo parafraseando Ana, quando ela diz: Minha esperança é IMORTAL! Ouviram? Imortal. Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final...

By Mônica

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cazuza: Solidão? Que nada, Só se for a Dois

Sabe aquela história de velhos fantasmas que voltam para nos assombrar? Eu não acreditava nisso, mas ele bateu à minha porta, e tive que deixá-lo entrar. Não podemos deixar de encarar os fantasmas que nos perseguem e aproveitar a chance de mostrar que não nos assustam mais. E foi assim, com idéias do Eduardo, que agora discurso sobre ela. A temida pela maioria, a escolhida pelos egocêntricos: Solidão.

Ironicamente, a pessoa que vai me ajudar a falar sobre o tema, não era nada sozinha. Acho que Renato Russo poderia definir melhor do que ele o que é solidão, pois era nesse abismo profundo que se encontrava a maior parte do tempo, o que é notável em suas letras. Mas enfim. Vamos ao que interessa, Caju? Solidão?Que nada, só se for a dois...

“Solidão que nada”, trata de encontros casuais. Não me digam o contrário, é disso que se trata. Cada aeroporto é um nome num papel. Um novo rosto...Um estranho que me quer. Por mar, por terra ou via Embratel. Mas não há promessas, não, é só um novo lugar. Ao falar das curvas da estrada, de relações com partida e chegada coincidindo na estaca zero, e um véu que encobre seu verdadeiro eu, ele retrata que só fica sozinho quem quer, pois em cada lugar podemos encontrar o conforto (momentâneo) pra nossa solidão.

Será esse preenchimento do vazio o determinador do fim da nossa solidão? Talvez pra geração “Já sei namorar” e suas vidas vazias, sim. Geração essa que cultiva uma solidão ocupada. A pior de todas. Onde você se encontra entre um milhão de pessoas (geralmente uma micareta, aff) e se sente tão sozinho quanto um monge ermitão isolado em uma cabana no alto de uma montanha inabitada no Tibet. Nesse caso, gritar não adianta, ninguém irá ouvir. Eu uso o velho e bom ditado do “antes só do que mal acompanhado”. Pior coisa que existe é alguém lhe roubar a solidão, sem em troca lhe oferecer verdadeiramente companhia, já dizia Nieschtze.

O compromisso virou algo clichê, algo banal. Dispensável. Algo que nos prende a uma rotina nada entusiasmante. É aquilo que não nos permite contar vantagem dos nossos escores de uma noite arrasadora. É o que frustra nossos desejos de fazer sempre o que quisermos, com quem quisermos e onde quisermos. Como se as realizações pessoais dos nossos desejos pequenos e fúteis fosse mais importante que a incrível aventura de compartilhar seu mundo com alguém. E conhecer um universo que você nem sabia que existia e sempre fez parte de você.

E isso abrange a todas as relações que podemos ter. Não é necessariamente restrito aos relacionamentos amorosos, como pode pensar a maioria.

“Só se for a dois” mostra os absurdos que nos cercam e enxergamos com olhos de naturalidade. A ironia já começa quando se fala dos brancos da África do Sul e se completa ao mostrar os filhos de Ghandi morrendo de fome. Mas o que mais mexeu comigo foi os filhos de Cristo estarem cada vez mais ricos. Que religião é essa que as pessoas pregam e dizem praticar, que os torna mais egoístas, individualistas e mecânicas? Creio não ser a que Cristo pregava ao falar de altruísmo, caridade e amor. Valores esquecidos com o advento da famosa distanciadora – A internet. Eu sou legal, até te adiciono no orkut. Mas não preciso te ver, não quero saber dos seus problemas. Mas me deixe ver seus álbuns e suas comunidades pra rir um pouco. A ironia persiste quando ele diz que o mundo é azul. Mas ele era visionário, talvez. O orkut é o mundo azul da internet. Mas de azul, o mundo não tem nada. Ele está mais pra cinza tendendo ao enferrujado.

Qual é a cor do amor? Vermelho, eu diria. Intenso e eterno. Mas isso é opinião minha - reles sonhadora com uma casa de veraneio no país das maravilhas. Se as possibilidades de felicidade são egoístas, o mundo não é azul, e tampouco o amor é vermelho. Talvez tenha sido um dia...Onde não se escondia a cor das flores pra se mostrar a dor. Mas o soldado beija sua namorada, não importa pra que batalha vá. No fim das contas, só quem luta, valoriza e vê o amor como uma benção, e não como uma banalidade ridícula e ultrapassada, que não se usa mais nos dias de hoje, porque mostra o nosso lado frágil, fácil alvo de ataques.

Afinal, amar ao próximo é tão démodé...mas eu estou cheia de me sentir vazia. E digam o que disserem, o mal do século é a solidão. Diferente da fome, da sede e da doença, que fazemos de tudo para combater, a solidão pode ser semeada, como forma de renúncia ou conformismo. Ou inadequação a aceitar um universo diferente do seu. Mas é esse encontro de vidas que nos move. Nossa vida na terra está presa a outras pessoas. O que não podemos, é nos deixar afogar num mar de rostos sem conseguir encontrar um olhar. Drummond diz que na vida, a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Eu peço licença poética a ele pra dizer que o exílio pode ser inevitável (e até produtivo). Mas a solidão, essa sim é opcional.

Agora parafraseando Ana Carolina, ficar sozinho é pra quem tem coragem. E eu vou ler meu livro “Cem anos de solidão”... De toda forma, não curto esse lance de ficar só. Só se for a dois. Mas me sinto só. Me sinto só. Me sinto tão seu...

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ouvir estrelas (Kid Abelha) X Tempo, Espaço (Lulu Santos)


O post dessa semana tropeçou na correria da minha vida, e foi arrastado o máximo que pôde. Aí, cansei. E resolvi dar uma pausa para sonhar. Viajei bem fundo. Peguei um trem pras estrelas e quando me dei conta, estava entre elas.

Eu, que sempre admirei o céu, hoje tenho a honra de falar sobre ele da forma mais poética que existe em mim: através da música. Para tal peripécia, me utilizo de um grande nome: Olavo Bilac. E uma poesia de sua autoria “Ora(direis) ouvir estrelas”. Não, não falarei de poesia. Em partes. Kid abelha, usando a voz suave de Paulinha Toller, fizeram o favor de gravar a versão musicada dessa poesia. E é “Ouvir estrelas”, a letra que vou entrelaçar com uma pequena notável (como toda estrela digna) de Lulu Santos: “Tempo, espaço”.

Estrelas são pontos luminosos no céu, produtos de uma enorme explosão – explosão essa que determinou a morte da estrela – cujo brilho é chegado para nós, até que toda a luminosidade da sua morte cesse e ela fique esquecida no infinito escuro. Isso era o que eu sabia sobre as estrelas - até hoje. Eu, que sempre as amei, não sabia nada sobre elas.

Não quero dar uma aula de astrofísica para falar da composição estelar. Mas algumas coisas me soaram interessantes. A estrela só morre quando elementos extremamente pesados a saturam e há um desequilíbrio de energia. E elas não têm todas, o mesmo fim. Algumas viram buracos-negros. Outras, explodem e se transformam em supernovas. Estas são brilhantes ao extremo, e o brilho decai até se tornar invisível. Porém, nos primeiros dias, esse brilho se intensifica em um bilhão de vezes seu estado original, ficando tão brilhante quanto uma galáxia. Elas têm todos os elementos de uma tabela periódica, fato que as permite causar a extinção de todos os seres da Terra, mas também, gerar vida.

Acabado meu momento globo ciência, falo de música e poesia. Mas é que fiquei mesmo emocionada com o fato de algo que pode acabar com todas as espécies vivas do planeta, ter o poder de gerar vida. A ambivalência me fascina. Não gosto de opiniões fixas e imutáveis. Adoro a leveza e a descontração da inconstância, que liberta a vida do tédio. Que permite ousadia aos corajosos. Ou aos bipolares, que seja. Não importa. O importante é não ser apenas o lado A do disco. Se não houvesse o lado B, o lado A não precisaria ser chamado assim, só haveria um lado. Unilateralismo é muita falta de opção. De criatividade. Ou de opinião.

Tudo bem, prometo não me perder mais. É porque ouvir estrelas me faz perder o senso. Eu desperto pra tanta luz, e abro as janelas para olhar o céu, procurando-as no deserto infinito, pálida de espanto. Que o sol me desculpe – e eu o amo demasiadamente – mas anseio avidamente pela noite, onde tudo fica escuro e eu enxergo melhor. E vejo brilhar. As estrelas, quase todas mortas. Só amando para entendê-las. Entender que conseguem brilhar pelo seu fim, com a despedida mais triunfal que o universo nos proporciona.

Afinal...não conheço mais nada que ao perder a vida, deixe um brilho tão grande, que não é chegado para nós o tempo em que se apagarão. E quando isso acontecer, ficaremos apenas com um rastro de luz se apagando além dos nossos olhos. A gente tá na lanterna, do tempo que virá...com mais brilho, espero. Que os novos tempos e novas eras que se aproximam, nos mostrem a beleza de morrer sem desaparecer, de brilhar pra se fazer eterno, de compreender que o importante não é o tempo que se tem, mas o (bom) uso que fazemos dele. E já dizia Cazuza: “Como as borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói.” Deixa marcas. Eterniza. E se o seu brilho é tão grande quanto de uma estrela, talvez nunca se apague e se torne invisível. Eu sou sensível à escutá-las a cantar. Pois só quem ama pode ouvir estrelas...

By Mônica

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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Papa é Pop (Engenheiros do Hawaii) X Fátima (Capital Inicial)

O post dessa semana foi uma idéia que tive de relance, nas manhãs aguadas de madrugar para a árdua tarefa chamada trabalho. Ouvindo música e vendo o sol nascer, relembrei uma conversa com o Eduardo e a idéia nasceu naturalmente, sem distócias, nem sofrimento: Engenheiros do Hawaii e Capital Inicial se completam em “O papa é pop” e “Fátima”.

Até aí, tudo bem. Surgiu a idéia, e esta permaneceu congelada até vir a pôr em prática hoje. Daí na minha inocência, pensei: vou ler um pouco sobre o assunto pra aprofundar minhas bases e dissertar melhor. Como fui tola. Bobinha. Agora, me encontro entre uma infinitude de questionamentos desprovidos de solução e não sei qual o melhor caminho pelo qual vou enveredar minhas certezas. Que já estão incertas, a essa altura do campeonato.

Gessinger fala de um Papa pop que levou um tiro à queima roupa. Isso soa familiar? Onde já ouvi isso antes? Renato russo, que compôs a letra que posteriormente o Capital gravou, era um visionário. Sempre acreditei nisso. Ele fala de Fátima. Mas não uma Fátima qualquer. Aquela dos três segredos. Do mistério que a humanidade acha que foi desvendado, mas ainda há muito o que entrelaçar para compreender o verdadeiro sentido das coisas. Enfim, eu falava que Renato falava de Fátima. E um dos segredos (que não estou mais certa se o segundo ou terceiro) dela, envolvia um líder religioso sofrendo um atentado, como o que o Papa João Paulo II (o mais pop de todos), sofreu em 1981 ao levar um tiro (à queima roupa – o pop não poupa ninguém).

Socorro! Não sei se falo das músicas ou dos segredos. Enfim, vamos por partes. Pelo que eu havia lido sobre o assunto, tudo indicava que o terceiro segredo envolvia o tal atentado, que tudo leva a crer que foi o sofrido por João Paulo II. Porém, contudo, todavia...há ressalvas, meus caros. Há quem diga que esse é o segundo segredo. E o terceiro, bem mais catastrófico e em larga escala, prevê uma seqüência de acontecimentos – naturais e provocados por nós, humanos – que teriam como conseqüência a exterminação quase que absoluta da população terrestre daqui há meros 3 anos. (não venho a citar datas, nem defender o tal juízo final que a imaculada Igreja católica alerta, mas não faz mal a ninguém viver loucamente por três aninhos. Na pior das hipóteses, teremos muitas experiências para contar aos nossos netos nas tardes de domingo)

Voltando ao foco principal, Gessinger fala que todo mundo ta revendo o que nunca foi visto, relendo o que nunca foi lido, comprando os mais vendidos, para não escapar das tendências da moda. Qualquer nota, qualquer notícia, uma nota preta, estando na cara ou na capa da revista. Não importa se sua vida são páginas em branco, qualquer coisa que se mova é um alvo, e ninguém está a salvo. Não adianta esperar intervenção divina...não é, Renato? O tempo agora está contra vocês. E no meio de tanto medo, é fácil se perder, como conseguir dinheiro pra comprar sem se vender? Espero que a fé não esteja à venda também. O papa é pop, mas pera lá. É pecado vender um pedaço do céu. E a Igreja (Imaculada, como já disse) não seria capaz de tais atrocidades (isso é uma ironia, para os desavisados. Sem desrespeitar a fé de ninguém, que fique claro. Não falo da fé, falo do sistema que a controla em impõe regras pra chegar ao céu ou ficar perdido no inferno). Mas toda catedral é populista, é pop, é macumba pra turista.

Vem as ameaças de ataque nuclear, e bombas que não foi Deus quem fez. Se armar esquemas ilusórios, fingindo que o mundo ninguém fez, terei pena de vocês. Tudo tem começo. Mas se começa, um dia acaba. Alguém um dia vai se vingar, mostrando a vocês que o reinado acabou e que não passam de escória. Tanto faz, já que existem crianças sem dinheiro e sem moral, e elas não ouviram a voz. Tiveram apenas a visão do que dizia Fátima. Porque ela derrubava uma lágrima.

Um disparo, um estouro. Ninguém está a salvo, e o papa popular levou um tiro à queima roupa. E o vinho virou água, a ferida não cicatrizou. O limpo se sujou, e no terceiro dia, ninguém ressuscitou. Milagres deixaram de existir diante de certas barbaridades. Antigamente era pop. A tua vida era pop. Até o indigente é pop. E o presidente é pop. Mas sobrou pro papa. Ele não desvia dinheiro público, não passa por um impeachment, mas ele ganha um tiro. O presidente não era nem tão popular assim.

Quando se arma esquemas ilusórios e se consegue dinheiro pra comprar se vendendo, você deixa de ser alvo. Não quero ser como vocês, eu não preciso mais. Quando a realidade passa a ser uma peça ao avesso,onde todo tipo de falcatrua recebe perdão e vira crime ser um líder sem tirania, não há intervenção divina que dê jeito. Esqueceram de avisar pra todo mundo que tentaram dar ao Papa o mesmo fim do líder do rock. Não me interessa mais as ameaças de ataque nuclear, as previsões do que está porvir. Acredito na catástrofe que nós mesmos causamos em nossas vidas. Porque tudo que tem começo, um dia acaba. E alguém um dia vai se vingar. Eu já sei o que tenho que saber, e agora, tanto faz. O fim dos nossos mundo, é a gente que faz.

By Mônica

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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Pitty acerta o "Teto de vidro" que existe entre o "8 ou 80"

A minha idéia do post dessa semana, surgiu da minha indignação e repugnância pelo que o Ser humano é capaz de fazer. Isso foi o pontapé inicial para a minha idéia, ao pensar em uma música de quem na minha opinião, atualmente, é a líder da nata do rock nacional, por honrá-lo ao aliar letras críticas à uma guitarra explosiva. Então, comecei a pensar qual seria a associação: eu precisava de uma outra música. E veio em mente outra música dela. O que é que a Baiana tem? A mais autêntica e singular das baianas, vulga Pitty, vai nos dizer através de Teto de Vidro (música do seu primeiro CD “Admirável chip novo”*) e 8 ou 80 (Do álbum mais recente, “Chiaroscuro”).

Farei diferente essa semana: antes de falar da minha interpretação das letras, falarei da revolta que me fez escolher tais músicas, pra depois fazer a ponte, que parece nada viável. Ao assistir telejornal (coisa que faço pouco pra evitar essa sensação abismal e inquietante que me acomete agora e me faz querer vomitar essas palavras), me deparei com uma matéria sobre uma estudante de determinada universidade, que foi apontada por seus colegas devido à sua vestimenta inapropriada, além de ser expulsa da universidade (que voltou atrás agora que a mídia caiu em cima, lógico) e exposta ao julgamento de pessoas que não tem nada a ver com a vida dela e que não são parâmetro para avaliar conduta alguma.

Fique claro que não estou defendendo trajes indevidos em lugares impróprios, mas defendo sim a liberdade de pensamento, de ser o que se deseja e não ser condenado por isso como um criminoso – ou de forma mais rude, visto que criminosos muitas vezes permeiam impunes por becos em nossa sociedade, que fechamos os olhos e fingimos não ver.

Enfim, quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra. Quem nunca teve uma atitude condenável, um traje inapropriado, uma conduta pouco louvável. Quem nunca esbravejou uma frase que ficaria melhor se engolida ao invés de posta pra fora. Quem nunca jogou lixo no chão ou negou lugar a um idoso quando ninguém estava olhando. Quem furou fila ou se sentiu esperto ao se beneficiar do erro de algum vendedor, que o levou a adquirir um produto melhor pelo preço do mais barato.

No fim das contas, todo mundo tem segredo que não conta nem pra si mesmo. Porque é vergonhoso. O ponto de ebulição do nosso caráter pode fazer explodir o nosso cérebro. Manda nossa alma pro espaço.

Todo mundo tem receio do que vê diante do espelho. Medo se ser alguém que você já criticou. Medo de descobrirem que você fez algo que um dia já apontou como errado. Insisto: não é medo da atitude errada, e sim de ser descoberto. Na frente está o alvo que se arrisca pela linha, não é tão diferente do que eu já fui um dia.

Tantas pessoas querendo sentir sangue correndo na veia, afinal quem está vivo se movimenta. E quer muito, tem apego. Deixa de querer, restando o desprezo. É a nossa vulnerabilidade que nos faz escravos dos nossos desejos voláteis, que nos faz cair em contradição o tempo todo. E surgem os desejos que não se divide nem com o travesseiro. O remédio pra amargura (existe?) ou as drogas que vem com bula (a solução dos fracos).

O mundo gira num segundo, sem conhecer o que existe entre o 8 e 80. Cada um em seu casulo, em sua direção, vendo de camarote a novela da vida alheia. Sem cuidar do próprio umbigo, mas sugerindo soluções, discutindo relações, bem certos de que a verdade cabe na palma da mão. Quero ver quem é capaz de fechar os olhos e descansar em paz com esse tipo de conduta.

Nem sempre ando entre meus iguais, nem sempre faço coisas legais. Me dou bem com os inocentes, mas com os culpados me divirto mais. E como me divirto. O que não presta sempre interessa muito mais. Mas se a verdade está na palma da minha mão, eu posso atirar a primeira pedra no teto do vizinho. Posso julgar a atitude dele e diminuir o seu valor. E quando a verdade dele passar a ser a minha, é só mudar a perspectiva. Se eu faço, deixa de ser errado. Quem é dono das certezas não é capaz de errar (?).

E num piscar de olhos, lembro de tanto que falei, deixei, calei e até me importei, mas não tem nada, eu tava mesmo errada. Mas ficar discutindo a novela da vida alheia, sugerindo soluções , desconhecendo o meio termo entre o 8 e o 80 e esmagando a verdade na palma da mão, não permite a ninguém fechar os olhos e descansar em paz. Se aliar aos inocentes, mas ser fiel aos culpados não permite buscar dentro de mim os meus lares, nem lidar com o meio. Chega de hipocrisia! Muita coisa feia ainda vai aparecer por aí e nos indignar, até que façamos a mesma coisa. Se vai ficar, se vai passar, não sei. Mas isso não é uma questão de opinião. E isso é só uma questão de opinião.

By Mônica

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*Fonte by Bobiça

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Poema (Cazuza) X Quase um Segundo (Paralamas do Sucesso)

O post dessa semana está me matando, preciso confessar. São duas músicas de enorme peso na minha vida, e meu medo de falhar ao expressar isso é terrível. Saibam de antemão, que ao final não estarei satisfeita, e farei mil críticas dizendo que poderia ser melhor. E poderia, mesmo. Mas enfim. Citarei grandes poetas. Idéias que me fascinam, traduzidas em letras em harmonia com melodias perfeitas que emocionam àqueles que sentem a música. Falo de sonhos, pesadelos, lembranças doces e necessidade de afeto.

Para tal façanha, peço ajuda. A Cazuza, lógico. E a Herbert Vianna, porque não? Nesse confronto de poetas do topo do rock brasileiro em sua melhor fase, discurso sobre “Poema” X “Quase um Segundo”. Acho que os próprios títulos se ligam. Poema remete uma lembrança poética e idealizada do passado. Será que você ainda pensa em mim? Por Quase um segundo, talvez. Como um rastro brilhante de estrela cadente. É a beleza do que aconteceu há minutos atrás.

Não sei se todos sabem, inclusive meu parceiro musical, mas Cazuza interpretou brilhantemente a letra que agora uno à dele nessa divagação sentimental. Quase um segundo então, foi interpretada por Cazuza, o mesmo que agora é “comparado” à Herbert no que diz respeito à poesia e música. Poema, melhor dizendo.

Em “Poema”, Cazuza fala de um pesadelo que o acordou e o fez voltar à sua infância, e boas lembranças que ficaram guardadas lá atrás. E lamenta de forma doce e suave sobre como perdemos no caminho, com o tempo, o encanto e algo mais que nos faz sentir o passado com um aperto irremediável.

Já Herbert, que vive o suficiente para ter muitas dores no caminho que meu adorado Agenor não teve o desprazer de conhecer, fala de um único estante. Uma mínima fração, pela eternidade. Um segundo numa imensidão. Ou quase isso. E pra ele, a dor parece ser mais enfática que a doçura dos bons tempos. Ele quer se transformar em algo que o faz ter de volta, a paz que ele perdeu ao ter um sonho ruim, que representava a queda de tudo aquilo que era o mundo pra ele.

Ele só quer isso de volta, e é justo. Cazuza também quer, mas ele já se sente afortunado por ter acontecido. É aquela história de não se lamentar pelo fim, mas sorrir por ter existido. Enquanto Herbert teve um sonho ruim e acordou chorando, Cazuza teve um pesadelo, e levantou a tempo de não chorar, apesar de ter medo (sonhos são apenas sonhos...e nada mais?). Medo que outrora, era motivo de choro, pra que ele pudesse receber um afago consolador de que tudo ficaria bem. Esse mesmo afago, não existe agora. Isso o traz memórias de um tempo feliz, e é isso que impede as lágrimas de transbordarem incontidas.

Eu queria ver no escuro do mundo onde está tudo o que você quer. Pra me transformar no que te agrada. E do escuro eu via um infinito sem presente, passado ou futuro. Mas tinha uma coisa sua que ficou em mim, e não tem fim. Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo. Que não me deixa em paz. São as cores e as coisas pra te prender? Será que isso impede de perder alguma coisa no caminho? Morna e ingênua, que nos remete a um abraço forte. E eu te odeio por quase um segundo, porque você não está aqui. Mas depois, te amo mais, pelo carinho que deixou em mim. Será que você, onde quer que esteja, ainda pensa em mim? Eu acordei chorando. Será que posso te ligar? Existe telefone nas estrelas? Não estou reclamando abrigo, sei que é escuro e frio, mas também é bonito, porque é iluminado. E fica a beleza do que aconteceu há minutos (ou vidas) atrás.

By Mônica

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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sentimental (Los Hermanos) X Insensível (Titãs)

Essa semana, o objetivo é encarar o tema que era pra ser o da semana passada, mas não era o momento de fazê-lo. A bipolaridade entre o sentimentalismo excessivo e a frieza dos corações de gelo, atingem aqui o ponto de ebulição: Los Hermanos e Titãs no contraste entre “Sentimental” X “Insensível”.

Como uma sentimental nata, com emoções sempre a transbordar por todos os poros da minha alma, começo falando de sentimentos. Depois, tento compreender a insanidade que é a ausência deles (é difícil conceber em minha mente um mundo onde se pode descartar corações e adorar personagens que encenam farsas em suas próprias vidas).

“Sentimental” fala de um relacionamento que foi perdendo a cor, até perder todo o sentido do resto e se dissolver num abismo sem fim. Aparentemente, a causa é unilateral. Um dos lados não mediu esforços pra mostrar o amor e gritar os sentimentos aos quatro ventos, mas isso já não bastava mais para sustentar a relação. Faltava algo, que se perdeu no caminho, com golpes certeiros de mágoa em suaves prestações. Porque acontece o desencanto quando não há motivo aparente? Demonstrar o afeto e as emoções à flor da pele, não são mais a solução. Nem diminuem a dor. Ao subverter um sentimento e transformá-lo em razão, ela interpreta mal as palavras dele e raciona seus sentimentos em uma equação lógica desfavorável, onde o produto é a subtração de suas vontades e a dor do coração partido, uma progressão até o infinito.

O “Insensível” acha impossível fazê-la feliz, porque se vê de forma distinta. Ele tem um olhar diferenciado para o final nada desejado. Enquanto o sentimental fala de um final doloroso, sofrido, o insensível trata o fim como natural. Como algo que está fora do alcance das partes envolvidas. Não fui eu, não foi você quem escolheu viver nesse mundo tão frio. Tudo bem. Não temos culpa absoluta sobre a frieza do mundo, mas é totalmente nossa, a culpa relativa. E a vida é muito além da soma de suas partes.

A e B nunca terão a mesma força separados, que têm juntos. Daí os ditos populares de “A união faz a força”, “Unidos venceremos” e por aí vai. Ser insensível e se isentar da culpa, o livra de uma parte do sofrimento, que você carrega ao ser sentimental, e sofrer com algo que te impede de salvar a si próprio.

Às vezes, acho que ser insensível permite uma dose maior de sinceridade. Ele diz que não quis feri-la, e dizer a verdade é melhor que mentir. Já a menina de sentimental, fala com rodeios pra seduzir, ela sabe que se fosse direta, seria rejeitada. Por que o que é fácil, não enche nossos olhos. O gosto está na batalha difícil de ser vencida.

É, ela não é mais sentimental que ele. Ele ama sozinho, sofre sozinho. Dizem que o verdadeiro amor é aquele que é tão altruísta que deseja a felicidade do outro, mesmo que esta não esteja ao seu lado. Ele desejava que ela ficasse bem, mesmo ele sofrendo um pouco mais. Mas se o amor é verdadeiro, não existe sofrimento. E lá no fundo, ele é tão sentimental, que só quer ter ela, mesmo que ela já não sinta esse amor por ele, que o mantém vivo.

Às vezes, você esquece o que eu finjo esquecer, porque pra você, se encerrou. E pra mim não. Se não é assim, me deixa fingir e rir. Se não há um antídoto, vou incorporar o personagem pra tentar rir da minha própria dor.

Desisto de entender a falta de sensibilidade e o desamor. Não quero dissertar sobre a ausência de sentimentos! Não faz sentido pra mim, ser diferente, indiferente, seduzir pra se livrar depois. Aceitar o mundo vazio, não está nas idéias que eu concebo. Muito menos se conformar em não conseguir fazer outra pessoa feliz ( e ser feliz junto de alguém). Tão pouco, reduzir sentimentos reais a arestas mal aparadas. É essa a base de todos os erros do mundo, meus caros. Acreditem. Quando os corações se abrirem pro amor, as pessoas deixarem de enxergar as outras como descartáveis e substituíveis, os sentimentos forem expostos sem nenhum véu de mentira envolvendo-os e principalmente, quando as palavras forem corretamente interpretadas, o eixo voltará ao ponto de equilíbrio, e eu voltarei para o mundo quando ele estiver menos frio. Utopia? Idealizadora de um mundo perfeito? Apenas humana. Eu tenho um coração, e ele fala por mim. E ninguém é mais sentimental que eu.

By Mônica

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Down em Mim (Barão Vermelho) X Refrão de um Bolero (Engenheiros do Hawaii)

Sou completamente apaixonado por música de dor-de-cotovelo. Na minha opinião, as mais belas músicas são compostas quando o compositor está sofrendo. E quando o motivo do sofrimento é amor, aí que a letra fica mais bonita.

Tive um pouco de receio ao escolher as duas músicas desse post. Escolhi para o texto “Down em Mim”, que é a primeira composição do Cazuza, e o mais perto que um compositor brasileiro conseguiu chegar do espírito dos grandes clássicos do blues norte-americano, principalmente os interpretados por Billie Holiday, grande diva do gênero. A outra composição é “Refrão de um Bolero”, do Engenheiros do Hawaii.

Na letra de “Refrão...”, Humberto Gessinger conseguiu expor exatamente os sentimentos de alguém que vê seu relacionamento chegando ao fim. Quantas vezes não falamos sem pensar e roemos as unhas, frágeis testemunhas de um crime sem perdão?

Minha grande dúvida em relação à “Refrão de um Bolero”, é que não sei se o tal crime sem perdão, é o fato do personagem da música ter sido sincero como não se pode ser ou se foi porque ele não foi sincero como se deve ser.

Mentiras sinceras interessam?!

Só pelo fato de ter sido a primeira música composta por Cazuza, “Down em Mim” já teria seu lugar no Olimpo do rock nacional. Mas fora esse fato, a letra é um petardo, que se tivesse sido interpretado por Maysa ou Dolores Duran, não ficaria deslocada no repertório dessas duas estrelas da música dor-de-cotovelo (ou fratura exposta de cotovelo, como preferia Cazuza).

“Down em Mim” prima por ser um blues autêntico, onde Cazuza expõe suas desilusões com o amor e suas idas e vindas. Até porque, ele sabe que quando o Sol vier socar sua cara, com certeza sua amada já foi embora, e o que resta é esquecer, pois nessas horas... Pega mal sofrer?

O que vem depois do fim, é sempre previsível. Dividimos ele com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro e a cara de babaca pintada no espelho do banheiro, que é a igreja de todos os bêbados desiludidos com o amor.

O término de uma relação é o fim do mundo todo dia da semana, e não me importa que mil raios partam.

By Eduardo

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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Semana que vem (Pitty) X O Último dia (Paulinho Moska)

Depois de duas terríveis semanas sem post, pensei no fim. Do mundo, lógico. As ideias não podem cessar jamais. Na verdade, estou há duas semanas enrolando pra fazer um determinado post. E agora, quando realmente paro pra fazer isso, o que veio na cabeça não foram os sentimentos da forma como eu iria falar. Sim, eles vão emergir urgentes nas linhas que se seguem, mas por uma inquietação coletiva pela qual todos nós já passamos. Quem nunca se perguntou o que faria se soubesse quando vai ser seu último dia nesse mundo cruel, do qual precisamos, para trazer à tona nossas vontades de ser reais e nos sentirmos satisfeitos? Pra tal divagação, que envolve o mistério da única certeza humana, envolvo nomes de destaque no meio musical. Ela, com o Rock, ele, com a MPB. Coloco na arena, Pitty e Paulinho Moska, no duelo entre Semana que vem e o Último dia.

Mostrando ao mundo que cavalheirismo ainda tem seu valor, primeiro as damas. A baiana que é o pouco que se salva do rock nacional atual, questiona e sugere que não se deixe nada pra depois, que não percamos tempo, porque esse tempo pode não existir. Ela diz que o mundo ainda precisa de um tempo pra mudar (podemos esperar ou devemos nós – pequenos notáveis que queremos um mundo possível de se viver – fazer ele mudar já?), e que temos tempo até tudo explodir. Tempo para concertar os desarranjos que deixamos pelo caminho. As arestas não aparadas. Mas não teremos tempo pra sempre. Agora é hora de fazer tudo ter valido a pena. Hora de dizer tudo que precisamos dizer, hora de se arriscar, pra não se arrepender se realmente for o último dia de nossas vidas, se for a nossa última chance.

Não podemos marcar um dia pra começar a tomar atitudes, não podemos gastar horas pra decidir o que fazer com o resto de nossas vidas, pois corremos o risco de passar o resto da vida pensando no que fazer com ela. Já dizia Lennon, que a vida é aquilo que acontece enquanto planejamos o futuro. Apropriado, não? Nós não temos todo o tempo do mundo, e é isso que Moska reforça. Ele é mais urgente. Não temos uma semana pra pensar no que fazer, temos apenas um único dia, faça valer a pena. Faça o que der, mas faça algo. Será que eu passaria o meu último (e consciente) dia de vida na minha rotina normal e apática que vai resultar em uma frustração abafada pelo travesseiro e uma noite mal dormida da qual não acordarei? Ou vou tentar fazer algo que vivo adiando, o que consequentemente me faz ter uma vida vazia?

Como você deseja passar o seu último dia de vida? Fazendo tudo o que sempre fez ou ousando tudo que nunca teve coragem de fazer por medo do que as pessoas chatas e normais da nossa sociedade medíocre iriam pensar? Morremos de medo de parecermos loucos a cometer insanidades desenfreadamente. Mas se eu estivesse no último dia, abriria sim, a porta do hospício e trancava a da delegacia. E nisso, vejo um pouco de sensatez. Loucura é manter doentes inocentes presos e assassinos sujos soltos, isso sim parece o fim dos tempos. Vivemos sedentos por lucidez, mas embriagados podemos justificar o atraso do nosso acerto de contas.

Não importa, não há tempo, pro tempo que já se perdia. Não posso deixar nada pra depois, não posso deixar o tempo passar pelos meus dedos. A semana que vem pode nem chegar. O dia de amanhã pode nem nascer. Quem vai saber? Nunca saberemos, de verdade, quando será a última vez. Esse jogo, nada mais é do que uma brincadeira de mal gosto, onde sempre palpitamos descompromissadamente e, num péssimo dia, quando nem esperarmos, vamos acertar.

O que eu faria se o mundo fosse acabar? Se o MEU mundo fosse acabar? Achei que tínhamos que viver a vida nessa sensação todo o tempo. O presente já passou. É uma imensidão de perguntas sem respostas, e nem precisamos que elas existam. Só precisamos calar dentro de nós tudo que está pendente. Viver como as borboletas, é a melhor forma de se viver. Elas só duram 24 horas. Precisamos de mais do que isso pra dar o maior vôo de nossas vidas? Não estaremos presentes pra saber como será o dia seguinte do fim do mundo. Eu prefiro arriscar tudo hoje, do que perder tudo amanhã. Quem sabe o quanto vai durar?

By Mônica

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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tim Maia X Leoni em Primavera: A Temporada das Flores

O tema da semana me deixou especialmente feliz. É um tema que eu adoro. É algo que eu penso todos os dias, por onde eu passo. Queria ter falado desse tema semana passada, seria mais “apropriado”. Porém, o tema da semana passada tinha que ficar na semana passada, porque é mais importante que os jardins do Éden (desculpa, Caju!).

Voltando ao tema desta semana, vou falar de algo que existe em tudo que eu vejo: Flores. Tema apropriado, pois a temporada delas está apenas começando, perfumando minha alma e de todos os sonhadores. Colorindo minha íris e de todos que acreditam no amor. Já que a temporada está chegando como uma brisa morna de fim de tarde, falo do início. Saudações à recém chegada ( e mais bela das estações): Primavera. Peço licença à Tim Maia e sua Primavera, e também à Leoni e sua Temporada das Flores.

Logicamente, devido ao nome das canções, fica óbvio que falam de amor. Da forma mais açucarada e suculenta possível: o seu nascimento, ou renascimento, como queiram. Primavera pra mim, é igual ano novo. Aliás, o ano novo deveria começar com a primavera: ambos renovam as esperanças. No ano novo, as pessoas tentam de novo, com força e persistência. Na primavera, os corações se abrem para os novos (ou antigos) amores. Para novas tentativas e possibilidades, como se não houvesse chance de serem feridos. Mas eu não vou falar de dor. Não vim falar de espinhos, mas sim de rosas. Lírios. Tulipas. Orquídeas. Flores. Jardins. Novas temporadas. Cores pelo mundo. Como um arco íris palpável, que não aparece somente após as tempestades, mas antes delas. E durante. E depois. E depois. E depois...Sem murchar ou perder as pétalas.

Tim Maia diz que quer estar junto ao seu amor quando chegar o inverno, e mesmo que voltemos ao chove-não-molha em tons de cinza do outono. Porque ele está na primavera e esse amor traz tanta força e beleza, que ele suporta qualquer estação, desde que o tenha. Nenhum frio o entristece. Nenhuma frieza, nenhum marasmo indeciso.

Leoni é detalhista e belo ao falar da sua temporada que vem chegando: ele pede que seu amor o espere, porque ele suportou um inverno desnutrido e tem fome de receber com coração e alma as flores que estão chegando a colorir seus sentimentos. Flores imaginárias que saem do amor que ele sente. Que fez nascer em seu rosto um sorriso. E que enterrou uma escuridão assombrosa, da qual ele não queria sair. Ele não conseguia achar respostas e soluções, de tão imerso que se encontrava nesse gélido coração.

Mas agora, ele achou o caminho de volta. Ele marcou o caminho com flores e promessas reais. Ele conseguiu fazer renascer todos os bons sentimentos que ele tinha e estavam congelados. E percebeu que sempre estiveram ali, perto da parte onde ele percebe a importância das pessoas em sua vida e o sentido da sua existência. Estavam na mesma gaveta que o calor das pessoas e o amor pela vida. Ele se permitiu pôr uma pedra no inverno e (re)começar a plantar flores no canteiro da sua alma.

A primavera está chegando outra vez. O amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera. Podemos recomeçar, da forma mais perfeita possível, dizia meu poeta preferido. E que com a primavera, possamos aprender a nos deixar podar e voltarmos inteiros pra nós mesmos.

Que possamos dar uma nova chance ao amor. Abrirmos novos caminhos. Plantar novos jardins. Aprender a andar e correr como se fosse a primeira vez. Porque, uma hora ou outra, entre galhos cortados, pétalas murchas e terra seca, encontraremos condições favoráveis de deixar germinar novas sementes. E mesmo que peguemos um verão temperamental, um outono melancólico e um inverno implacável, uma outra primavera virá. E numa dessas mudanças de vento, de ares e cores, encontraremos o que sempre faltou em nosso jardim. Uns chamam de flor da paixão. Eu acredito que seja amor-perfeito.

Finalizo com uma passagem de Pablo Neruda, que fala tudo sobre essa magnífica estação, e o amor. Quero apenas cinco coisas: Primeiro é o amor sem fim. A segunda é ver o outono. A terceira é o grave inverno. Em quarto lugar o verão. A quinta coisa são teus olhos. Não quero dormir sem teus olhos. Não quero ser... Sem que me olhes. Abro mão da primavera para que continues me olhando.

By Mônica

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sutilmente (Skank) + P.S. Eu te amo

O post dessa semana, confesso que foi sofrido, quando a intenção era tudo, menos essa. Juntar música com outras forma de arte e traçar um paralelo me fascina. Então juntei essa idéia, com o dia D de hoje, e pensei nessa forma de me declarar pro Edu. Então, não vou por um duelo de músicas A versus B, e sim, somar. Como o amor faz. Comparo então o filme P.S. Eu te amo com a letra do Skank, Sutilmente.

Acho que todos sabem, mas o filme conta a história de Holly, uma mulher que acabou de chegar aos 30 anos e ganhou um presente de grego: perdeu seu amado Gerry, vítima de uma doença fatal. Mas como Gerry sabia que iria deixar sua amada, e que seria dificil pra ela seguir sem ele, encontrou formas de fazê-la despedir-se. Dar adeus aos poucos, se bem que em certos casos, o adeus pode nunca vir.

Antes da terrível separação, o filme mostra alguns conflitos do casal, mas o que mais em chama atenção, é uma briga explosiva onde ambos se alteram e dois segundos depois, se beijam loucamente, pensando o quão ridículo é perder tempo com bobeiras, se o amor é mesmo maior que isso. Quando eu estiver louco, subitamente se afaste, diz a letra. Mas quando eu estiver fogo, suavemente se encaixe, porque não é possível ficar mais que alguns segundos longe de você, minha alma arde em uma febre incessante por sentir seu coração bater em mim.

Em determinado momento do filme, eles se questionam do porquê de nao terem filhos, e Holly logo tem a resposta na ponta da língua: isso nao está nos planos previamente arquitetados, onde cada etapa é uma sequência que tem uma lógica perfeita para dar certo. Só que o que ela não percebeu, foi que quando planejamos demais nossa felicidade, adiamos pra um espaço de tempo que um dia sequer vai existir.

Gerry tem uma perspectiva mais realista: ele a responde dizendo que as pessoas têm filhos sem grana o tempo todo. Somos felizes sem planejar e estabelecer metas pra isso, porque 99% dos nossos planos nunca darão certo e precisamos viver cada dia no improviso, que nos faz sorrir muito mais por ser perfeito, sem ter sido pré-meditado.

Holly ainda diz uma frase que teve muito impacto pra mim e me fez pensar sobre a minha vida e os infinitos planos que faço pra ela: “ E se nossa vida for isso? E se isso for tudo?”. Ela diz isso ao refletir que vê muitas pessoas comprando apartamentos maiores e tendo filhos, e fala de às vezes sentir medo que sua vida não comece. E Gerry a rebate, dizendo que eles já estão vivendo a vida deles, que ela já começou e é aquela que eles levam. E pode não passar disso. E realmente, não passou disso. Não passa disso.

E ela não consegue viver nessa realidade onde ele não faz mais parte do mundo dela. Pelo menos, do mundo real e tocável. Ao ligar repetidas vezes pra secretária eletrônica dele pra ouvir sua voz na mensagem, ela mostra sua urgência em sentir a presença de quem é parte dela. Os hábitos são difíceis de mudar, quando a pessoa é parte de nós e de tudo que nos mantém vivo e são.

É como estar se apresentando em um salão lotado, e não enxergar ninguém, nem vaias, nem congratulações. Só enxergar um rosto no meio dessa multidão. O único rosto que não faz parte desse cenário, só de sua imaginação, que quer tornal real seu passado feliz que não existe mais. E se eu quiser encerrar minha vida por aqui?

Nem foi dada essa opção, apesar da vida continuar e se entregar ser uma bobagem. Bobagem maior é não perceber o privilégio que é envelhecer com alguém ao seu lado, que te mantém longe da vontade de suicidar. É mais difícil do que parece.

As saudades seguem. E ela não consegue ser feliz com a felicidade dos outros, por perceber que tudo que lhe fazia feliz foi embora sem a mínima chance de voltar. Como se tivesse condenada a pagar uma pena por um crime que não cometeu e ainda tentou impedir que fosse cometido por outrem. Não importa o que faça, o emprego ou os amigos que tenha, ele não está ali. E ela não está sei lá onde com ele. Nada muda o fato de que estão separados e isso dói em ambas as partes.

E ela percebe aos poucos como se encontra imersa em sua solidão: quando vai ao restaurante e o garçom tira os pratos da frente e pergunta: “sua companhia foi embora? É só você então?”. Era só ela, pra sempre. E ela só queria ser simplesmente abraçada por estar triste.

“Você foi minha vida, mas eu fui só um capítulo da sua. Ainda há mais”, é o que ele a diz em sua carta de adeus. Pra ela, a vida segue. Mas ele continua nela. Certas coisas, só acontecem uma vez, e deveriam ser proibidas de ter um final ímpar. Mas quando eu estiver morto, suplico que não me mate, não, dentro de ti. Mesmo que o mundo acabe, enfim. Dentro de tudo que cabe em ti. Não me exclua do seu universo. Pode disfarçar quando eu estiver bobo. Mas nunca esqueça que é P.S. Para sempre. Você sabe.

By Mônica

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Carta aos missionários (Uns e outros) X Tele fome (Jota Quest)

Invertendo a ordem com o Eduardo, e continuando a falar sobre os quatro cavalheiros, essa semana quem fala sobre guerra e fome sou eu. Guerra, na forma literal. E quanto à fome, que nos dói e nos faz ter pressa, falo dela. Mas não àquela que se sacia com alimento. Pelo menos, alimento pro corpo. Porque a gente não quer só comida, a gente quer matar a sede e curar a dor. Da alma. Com algum remédio ou antídoto para preencher nosso vazio interminável. Então, falo de fome de amor. É a fome que o mundo precisa saciar. Sendo assim, todos os outros problemas se dissolvem. Para seguir meu discurso, me utilizo de Uns e outros e sua Carta aos missionários, e Jota Quest com seu Tele fome.

Acredito na forte ligação dos temas, em uma era onde os egos que competem pelo poder tem fome de lutar, enquanto os miseráveis emplacam uma guerra por comida, por sobrevivência. Onde foi parar o amor num mundo onde existem gigantescas batalhas que tem como finalidade saciar desejos egoístas, uma fome – que deve ser mais intensa e urgente do que os que não tem alimento – de vencer exércitos a qualquer custo, mesmo que necessite devorar um a um os humanos como eles, pra chegar ao objetivo final?

Missionários e missões em um mundo pagão, resultam em missões suicidas. Se não há um Deus no comando, e crença em nada, como podemos esperar bons resultados dessa guerra?

Ódio e destruição nos quatro cantos da terra, como os quatro cavalheiros que noticiam o fim da espécie humana. Isso parece mesmo a marcha para o fim. Onde todos andam às cegas, em fileiras, indo pra lugar algum, destruindo-se uns aos outros no caminho.

A pureza das crianças não escapa desse revés. Em vez de estarem brincando, as crianças estão tomando a frente da guerra, dissipando sua inocência a cada vida que exterminam. Tem seus pequenos corações manchados pelo sangue faminto por poder e status que os representantes das grandes nações idolatram. A culpa vai para as crianças. As fardas bonitas e as condecorações, para os grandes senhores que não sujam suas mãos com o sangue que tanto sacia sua sede. E fica documentado no nosso passado de absurdos gloriosos, esse rastro sujo de sangue e glória.

Missionários de todas as partes, sem destino e sem saber porquê, obedecem cegamente à generais egocêntricos e inacessíveis. É isso que fica muito bem desenhado em Carta aos missionários. Acredito eu, que essa carta nunca tenha verdadeiramente chegado à eles e os alertado sobre suas realidades.

Em tele fome, falamos de fome de presença, pois as pessoas têm necessidades reais de afeto. Carência de andar de mãos dadas e saber como foi o dia, depois de um beijo na testa. A obrigação da sua voz é estar aqui, no ouvido do meu coração, dentro de mim, porque a tecnologia nos disponibiliza meios de estarmos juntos virtualmente e esquecemos a importância da presença física. Porque estarmos separados (por opção) se podemos estar juntos? Falar de amor ao telefone não basta, não dá pra ler a sinceridade em um aparelho eletrônico, só os olhos podem falar a língua do amor.

Estamos todos cada vez mais urgentes em ser feliz nesses tempos de guerra, com um apetite voraz por saciar nossos desejos. Pra você chegar mais rápido ao meu coração, porque ele está com pressa, no meio de toda essa esperança dispersa. Então não posso esperar. Como diz o slogan, quem tem fome, urge. E eu estou com fome de ser feliz. De amar. De vivenciar tudo o que é simples e banal aos olhos alheios. Porque emoções tendem a mostrar nossa face boba e ridícula, e é esse medo do ridículo que paralisa a todos nós. E nos faz parar no tempo. Numa janela escondida em algum lugar, onde a guerra é normal. Pessoas morrendo de fome, idem. A falta de amor é natural. Ninguém liga pra reforma moral. Pelo que você lutaria? Você tem fome de amor ou está satisfeito com a indiferença?

By Mônica

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Temas para Semanas Utópicas

Parir idéias não é fácil. A dois então, é como dividir a dor e multiplicar a responsabilidade sobre o que vai nascer. Afinal, todos queremos herdeiros notáveis. A vida é mesmo um ciclo de acontecimentos em cadeia.

As idéias nascem, crescem, multiplicam-se e modificam-se, antes de se tornarem reais. Para cada idéia, mil músicas. Para cada música, um universo de histórias. Para cada universo, um turbilhão de emoções compartilhadas. Nossos ouvidos estão sintonizados: necessitam urgentemente capturar as intenções de cada verso.

Nossa afinidade nos levou à criação desse espaço. Nossa percepção musical, à entender que inspirações aleatórias não alimentam para sempre. E assim, surgiram idéias temáticas, onde os nossos tópicos utópicos serão abordados dentro de assuntos com alguma coisa em comum, previamente explicados. Porque criar é algo que nos fascina. Saber que há música para tudo e para todos, nos move a pensamentos sem fim. E para começar, falaremos do fim. Fim dos tempos, fim do mundo (?).

By Eduardo e Mônica

Os Quatro Cavalheiros do Apocalipse

Os quatro cavalheiros do apocalipse, personagens que foram descritos na terceira visão profética do apóstolo João, no livro do apocalipse. Estão em número que representa a simetria e universalidade, como os quatro cantos da Terra e aos quatro ventos. São representados por símbolos: Conquista (ou às vezes, o Anti-Cristo), Guerra, Fome e Morte, embora apenas este último seja identificado pelo nome. A Conquista, é simbolizada pela falsa inocência e paz disfarçada, por usar um cavalo branco e um arco, e também pode ser interpretada como a Peste. A guerra é descrita por um cavalo vermelho, pelo sangue derramado, e uma espada que explicita a luta. A fome, obscura, aparece em um cavalo negro que carrega a balança da desigualdade, da escassez de alimentos e das trocas injustas. Por último, a morte aparece em um cavalo Baio, de pele tão esverdeada quanto um cadáver em decomposição, tem a honra de ser o único cavalheiro a ser chamado pelo nome, como a única certeza que nos aguarda. Porta um tridente, e tem o poder de receber àqueles destruídos pela guerra, pela fome e pela peste.

By Nine

Duelo de Titãs: O Pulso X Epitáfio

Começando a falar sobre posts temáticos, sobre os quatro cavalheiros do apocalipse, tema dessa semana. Falo sobre Peste e Morte.

Pra expor minhas idéias relacionadas a tais temas, usarei músicas, que sem querer, são do mesmo (fantástico) grupo. Peste X Morte deram origem ao duelo de Titãs, de O pulso X Epitáfio.

Em O Pulso, são vomitadas infinitas enfermidades que acometem a raça humana, e mesmo remando contra a maré, o pulso ainda pulsa...A vida persiste e tenta sobreviver. O que mais me chamou a atenção, foi o fato de apesar de muitas doenças que deterioram o nosso corpo serem citadas, estas são mescladas com as piores pestes que nos invadem: as doenças da alma. Rancor, estupidez, ciúmes, hipocrisia. Culpa, e até hipocondria e cleptomania.

Estamos em um mundo doente, com uma sociedade doente, de todas as formas. Mas a pior epidemia que pode nos atacar é aquela que remédio algum pode curar. Porque o corpo, ainda é pouco, e não nos basta, porque sempre queremos mais. Mais. Mais do que nossas mãos alcançam. A peste toma conta de nós e nos alimenta, pra depois nos fazer definhar à sua própria sorte, até a morte nos levar com piedade.

E quando percebemos, chegamos ao fim...E Epitáfio retrata esse fim com toda lamentação de alguém que deixou sua vida passar sem fazer parte dela.

Alguém que chega ao fim de sua jornada, olha pra trás e vê tudo o que deixou passar, por hiperestimar coisas que não valiam nada e não dar valor às pequenas coisas, que são aquelas que farão grande diferença na forma como vivemos a nossa vida, e são o que nos farão termos as melhores lembranças.

Rancor de nós mesmos e culpa por não saber fazer a coisa certa. Medo de amar, de chorar, de viver. Resistência em aceitar as pessoas com todos os seus defeitos, e dores que trazem em seus corações. As qualidades até parecem ficar pequenas, as alegrias também. O nosso maior erro é achar que o mundo tem que se adequar à nossa forma de enxergá-lo, quando na verdade, nós que devemos ajustar nossas lentes pra termos um novo olhar.

Somente quando percebermos que estamos imersos em um mundo doente, onde todo o tipo de peste nos leva pro lado mais obscuro da moeda, poderemos largar nossos sentimentos dopados e perceber que seríamos muito mais felizes se não nos importássemos com problemas pequenos.

Se nossas almas não fossem doentes, dormentes, alienadas, não teríamos que lamentar uma vida perdida, e poderíamos olhar pra trás e ver que valeu a pena. Porque talvez não haja nada que me proteja enquanto eu andar distraída. Mas o pulso ainda pulsa. E não é pouco. Ele quer pulsar cada vez mais, livre da sombra das pestes a nos atormentar. E como diria o poeta “Só há uma coisa da qual me arrependi: foi não ter morrido de amor...”

By Nine

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Três vezes Fotografia: Jobim X Ana Carol X Leoni

Estava totalmente empolgada pra falar do tema que escolhi pra essa semana, e minha empolgação levou um banho de água fria ao perceber que me equivoquei: queria, precisava falar sobre fotografia e seu significado através da música, inspiração que tive ao ouvir algo curioso sobre fotografia.

E comecei a pensar em músicas que falavam do tema. Ouvi Foto Polaroid, da Taviani, Retrato em Branco-e-Preto do Chico Buarque e Fotografia, de Jobim. Porém, o que eu desconhecia, é que a letra que eu achava que era de Jobim, era na verdade de Leoni. E com isso, fui buscar as letras, e descobri mais uma fotografia: de Ana Carolina. Então, depois de tirar minha dúvida implacável, decidi. Fotografia tripla essa semana: Tom Jobim, Leoni e Ana Carolina.

Quando penso em fotografia, só um pensamento vem à minha mente: lembrança. Saudades. Tempo bom que ficou em alguma gaveta do passado.

Em sua versão, Jobim fala de um romance ao entardecer em frente ao mar. Cenário perfeito pra um amor, pra uma fotografia. A tarde vai embora pra deixar a noite chegar, e mesmo tendo que ir embora, fica a sensação de que o beijo é o desfecho ideal pra esse encontro. Simples e gostoso de ouvir. E de desejar.

Ana dramatiza mais, como é de sua natureza. Ela só consegue olhar os olhos de quem ama através da fotografia, porque ambos estão tão distantes com suas meias verdades que não conseguem aceitar a opinião alheia. É difícil de encarar. Mas ela jura que vê alem do que parece, quando diz que é do tamanho do que vê e não do tamanho que enxerga a si mesma.

Leoni retoma a idéia tranqüila do mar e do afeto, fotografias pedem mesmo um fundo ao pôr-do-sol. Sugerem lembranças, histórias, sorrisos. No começo, ele parece se preocupar mais com seu sossego do que com a própria felicidade. No curso de suas idéias, ele passa a se esforçar e cansar, ao tentar encontrar a felicidade. Encontra obstáculos, e parece encontrar uma pontinha de esperança quando “Deus deixa pistas” pra ele ser feliz. Até perceber, ao sentir saudades do seu passado, que foi feliz. Que era feliz. Que ele buscava algo que já era real.

Fotografia...cópia fiel, reprodução exata, retrato, segundo o dicionário. Imagem capturada de um instante que não volta e fica guardado na lembrança. Desenho de algo bonito que aconteceu, porque só queremos deixar registrado, memórias de um passado bom. De uma tarde ouvindo o quebrar das marolas, de um olhar, mesmo que oposto. De um beijo, um amigo, uma juventude a ser lembrada. De afeto.

Como diz a canção, “O que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia. As cores, figuras, motivos, o sol passando sobre os amigos. Histórias, bebidas, sorrisos. E afeto em frente ao mar”, em um pedaço de papel numa gaveta visitada em momentos de nostalgia, de tardes nubladas. Gosto bom de um tempo onde a memória de suaves momentos não era arquivada em um espaço virtual, que diminui a sensação de que aquilo aconteceu um dia, pois não é palpável, não tem peso. E precisamos dele. A minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança doce. Com açúcar e afeto.

By Nine

Links das letras:

http://letras.terra.com.br/tom-jobim/49043/

http://letras.terra.com.br/ana-carolina/423860/

http://letras.terra.com.br/leoni/69309/

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Admirável chip novo (Pitty) X Geração Coca-cola (Legião Urbana)

O meu tema da semana, era uma idéia guardada mas que deu vontade de por pra fora no último segundo. Engraçado que Renato Russo, líder da Legião, tinha suas letras com críticas sociais e políticas estampadas por todo seu universo particular. E nesse universo, ele tinha as letras de geração coca-cola e outra composição sua, homônima do livro de Aldous Huxley, “Admirável mundo novo”, que mais tarde chegou como influência à Pitty pra compor a música aqui em pauta.

Admirável Chip novo (Pitty) e Geração Coca-cola (Legião Urbana), músicas altamente críticas da nossa sociedade robotizada, automática, vendida. Com slogans convidativos, compre você também! Afinal, somos “obrigados”(?) a nos enquadrar em um mundo nada admirável, que nos trata como um aparelho eletrodoméstico, facilmente programado a executar funções pré-estabelecidas. Experimente ser um liquidificador que aspira poeira pra ver se não te olham estranho. Pessoas não são feitas em fôrmas, portanto, não são iguais. Mas estão geneticamente modificadas, transgênicas, adverte o ministério do bom senso e da moral.

Já nascemos programados, e comendo lixo comercial, que aliás, não é orgânico. Temos parafuso e fluido em lugar de articulação, logo, não somos mais filhos da revolução. E não adianta ficar 20 anos na escola, parece difícil aprender. Por isso que quando achamos que já nos libertamos, dá pane no sistema. Fomos desconfigurados nesse jogo sujo, e não é assim que tem que ser. Agimos como burgueses sem religião, fazendo nosso dever de casa com olhos de robô. Não senhor, sim senhor (“ Sempre coca-cola”).

Eu sempre achei que era vivo, mas já que aqui não bate mais um coração, nos dêem um chip novo? Ou vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês! Vamos fazer comédia no cinema com as suas leis, e instigar nossas crianças a derrubar os reis. Não queremos mais idolatrar um chip novo, não vamos deixar que reinstalem o sistema. Agora chegou nossa vez, somos ou não o futuro da nação? Pense. Fale. Compre. Beba (nunca coca-cola!). Leia. Vote. Não se esqueça! Use. Seja. Ouça. Diga. Tenha. More. Gaste e Viva! Sem substituir seu coração por um chip programado.

By Nine

Links das letras:

http://letras.terra.com.br/pitty/67413/

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/45051/