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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Como Nossos Pais (Elis Regina) X Teatro dos Vampiros (Legião Urbana)

Minha missão de hoje é fazer uma ponte entre “Como nossos pais” (de Belchior, muito bem interpretado por Elis Regina) e “Teatro dos vampiros” (de Renato Russo, logicamente interpretado pela Legião Urbana).

O primeiro ponto notado é a ligação entre duas gerações, que percebemos claramente em ambas as músicas. Vivemos como os nossos pais, com os mesmos gostos, costumes, manias. “Voltamos a viver como há 10 anos atrás”, palavras do poeta, que dão o mesmo sentido de reviver o passado, porque talvez seja melhor ficar lá, onde tudo era menos triste que agora. Saudosismo envolvendo canções que são tão parecidas, mas com perspectivas diferentes. Os jovens que aqui vivem, não viveram como lá.

Porque lá atrás, aprendíamos coisas nos discos, na história, passadas de geração a geração, gente jovem se reunia, pra compartilhar momentos, sonhos, lembranças e para simplesmente...serem jovens! Agora, o sinal está fechado pra nós, jovens, e todos os meus amigos (e eu) estamos procurando emprego. Faltam oportunidades de nos deixarem promover um futuro melhor ao nosso país. Há perigo na esquina, porque os assassinos estão todos livres, enquanto nós estamos presos a uma realidade onde quem tem ideais, e quer construir algo de bom, precisa se enclausurar pra fugir dos ladrões de sonhos que estão soltos em todas as partes querendo roubar nossa liberdade e nossa paz. Os jovens não se reúnem mais, clamam por um pouco de atenção, no tédio de suas solidões sem fim que os impedem de conhecer a pessoa que está diante do espelho.

Não é difícil amar o passado, procurar poeira pelos cantos, de tempos antigos onde a juventude conseguia expressar melhor o sentido de sua força. O grito não era abafado pela desesperança. Podia ter muito a mudar, mas a vontade de mudar o mundo pulsava forte dentro deles, nossos pais e os jovens como eles. E os impulsionava. Imaginavam que o novo poderia vir, que uma nova consciência e juventude, poderiam mudar o rumo das coisas.

Talvez a nova consciência esteja embutida em valores antigos. Nada contraditório, porque se tudo tem se deteriorado com o desgaste do tempo e das pessoas, temos de concordar que os valores antigos talvez fossem os melhores moldes pra uma sociedade mais justa. Antigos, porém não ultrapassados, eu digo. Valores de caráter, do que é importante. Coisas que estão se perdendo com a modernidade. E isso é questão de bom senso, e nem todos o tem, infelizmente.

Desanimados pelo caótico mundo presente, acabamos entregando nosso alvo, nossa artilharia, nossas armas, porque desistimos da luta que não leva a nada. Não somos mais poder de mudança?! Queremos só esquecer tudo isso e nos divertir. Entorpecer nossas perguntas sem resposta, esquecer disso tudo, ter um lugar legal pra ir, que nos faça sentirmos que somos jovens outra vez. E é só essa a riqueza que nós temos, e ninguém percebe. Queremos liberdade, e poder imaginar que o futuro será diferente e os nossos filhos não serão herdeiros de um trono vazio.

Mas precisamos urgentemente de paz. De abstração. Não é fácil carregar o fardo de ser responsável pelo futuro da nação. Cansa. Precisamos viver como os jovens de antigamente, permitir que as nossas vidas possam se encontrar e que elas possam encontrar algum sentido, e algo além de poeira pelos cantos e saudade de uma época em que os jovens não éramos nós. Não queremos mais que a primeira vez seja também a última chance. Oportunidades imploram existir.

Se for pra encarar o mundo sozinho, que existam sonhos no caminho, e que eles não nos assustem. Que não entreguemos a batalha. Que o mundo enxergue onde chegamos, e a herança que vamos deixar, seja melhor do que a que temos agora. Que não comparemos as nossas vidas, mas que possamos uni-las. E que tenhamos sim, compaixão. E paixão. E coragem. Pra que o palco das nossas vidas possa ser um teatro com personagens reais, independente dos aplausos, mas que represente fielmente a nossa história.

By Nine

Links das letras:

http://letras.terra.com.br/elis-regina/45670/

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/46983/

2 comentários:

Jean James disse...

Ah os valores... tanto tempo que ue nao vejo ngm falando sobre eles. Mas é verdade... se antes tinhamos uma sociedade dita justa, entao serve de molde... por que nao seguimos entao? Grande texto! :D

Tainá Crisóstomo disse...

Grande texto, grande texto. Ainda nos reunimos (os jovens)em rodas, tocando violão e cabelo ao vento. A diferença talvez esteja no contexto de nossas vidas, pq, querendo ou não, as lutas e conquistas da juventude foram realizadas pq, realmente, se precisava, a ponto de sufocar. "E hoje? Vamos às ruas pra quê?", é a mente do jovem atual.